TREVAS DE SETEMBRO
Aviões, pássaros metalizados
voam sobre as gêmeas siamesas
Meca do capitalismo selvagem.
Cegos, na manhã de incertezas
Deixam sob um céu atônito, rastros
De escombros e uma linha rubra
De corpos estilhaçados...
Gêmeas torres imponentes,
Diáfanas, em plena difusão.
Em meio aos ferros retorcidos
corpos sem cor, sem semblantes
como carnes atiçadas, queimadas...
Pura devastação, os pássaros
Bola de fogo, estampidos fumegantes
Pedra e poeira, aço e cimento, avaros.
Na bandeira do ódio borbotões de sangue
Jorrando como se fossem um rio exangue
Mudando o curso, ceifando caminhos...
Nas gêmeas torres em descambo,
Nova York sangra ao canto do idílio
Moedas de fel interrompendo destinos,
Desesperos! Última viagem de vidas,
Passagem de almas inocentes,
Navegação... Corpos soltos ao vento!
Procuro entender aquelas imagens
O coração petrificado, mera mortalha
Macerado, ardo também em chamas,
Insone indignação que a ìra enxovalha!
Acendo um cigarro, submerjo.
Perco-me, nos próprios passos
Tateio a primavera, adubo as sementes,
No ventre, Flores murchas de aroma sugado!
Nhca
Set/01
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