Sábado à noite
Sábado à noite, em casa (sim, não havia algo melhor a fazer). Chuvinha fina lá fora. Na roda, amigos e alguns familiares. Salgadinhos postos à mesa. Amendoim. Batatas fritas de saquinho. Algumas bebidas atrevidas geladas, dos tipos cerveja e uísque, e outras comportadas, como café na garrafa térmica e chá verde para a amiga "zen".
Tinha gente nas poltronas e gente pelo chão, de pernas cruzadas ou em estado esparramado, largado.
Papo desordenado, sem graça, quando alguém "arruma a casa", dá rumo, colocando a questão:
- Vocês souberam do "figurão" que pagou oitocentos mil para curtir alguns momentos quentes com a Paula Frausi? É papo confirmadíssimo. Verídico! E digo mais, quando ela aceitou estava com namorado firme, circulando pelos locais em moda.
- Não acredito. Ela não se prestaria a isso. Já posou pra revista masculina e ganhou uma grana preta. Faz televisão e cinema. Tá na mídia há tempos. Classuda que só ela. - reagiu a cunhada, indignada.
- Pois é verdade. Disseram que a coisa rolou em Bariloche, com direito a jatinho, chalé Ã beira daquele "lagão" que tem por lá, e durou um fim de semana. Não foi um "casinho", não. Teve certo envolvimento. - complementou Laura, que havia "levantado a bola" polêmica.
Raul, ácido e maldoso, emendou em cima do lance:
- Vagabunda!
Eduardo quis incrementar, pór fogo, e fuzilou:
- Qual de vocês, mulheres, não toparia?
Foi mexer em vespeiro, bem feito! A própria mulher dele acrescentou:
- Claro que eu topava. Afinal, lavou tá novo, né?
Risos e risos!!!
- Olha, vou falar sinceramente: acho que eu ia sem precisar da grana, do jatinho e o escambau. Um final de semana é até muito. Umas horinhas já resolveriam. Aquele cara é tudo de bom! Supercharmoso! - botou pra quebrar a prima Cida, sempre despachada, sem papas na língua, com direito à s mãos na cintura em desafio.
- E vocês, homens, não ofereceriam dinheiro a ela, se tivessem? - atacou Laura.
- A ela, não. Acho que está um tanto batalhada. Não é mais aquela lindeza toda de antes, chamativa. Com essa dinheirama, tem gente melhor no pedaço. Sei não, tem gente mais novinha, despontando, e só pensar bem. - falou Diego-Cão, amigo querido.
- Vamos fazer uma pesquisa. - sugeriu Laura, tentando organizar o que tinha bagunçado.
- As mulheres, somente elas, vão dizer a preferência: pousarem para uma grande revista masculina ou terem uma transa, ainda que única, com um cara rico e bacana, como o tal personagem.
A resposta foi a mesma. Todas optaram pela "aventura" passageira. Pasmem!
Não devem ter percebido que um fim de semana não é tão efêmero nem cerimonioso. Tem comprometimento, sim, ou representa a partida para ter.
E registra-se ainda: o motivo da escolha foi o mesmo. Entenderam que a revista torna a pessoa pública, expõe. Já o encontro a dois é reservado e acabou, acabou. Consideraram também que o dinheiro não fazia a diferença por ser quase o mesmo nas duas situações.
Agora, quando Laura salientou que na revista não acontece o corpo a corpo e na relação ele ocorre inquestionavelmente, intrometidamente, o silêncio foi geral.
Apenas uma voz rompeu a mudeza e o constrangimento. Saiu de onde não se esperava, da mais jovem das presentes. Houve o disparo decidido:
- E daí?!
Alfredo Domingos Faria da Costa
Nota do autor: os nomes e situações fazem parte da ficção, não tendo relação com fatos reais.
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