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cronicas-->Descompasso (volta) -- 16/04/2001 - 23:11 (Carlos Delphim Nogueira da Gama Neto.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Descompasso
(volta)
ou
Foda-se a Censura


Resolvi dizer adeus à censura. Um maldito diabo que eu aceitei e que vem me acompanhando pela vida, desde um determinado momento. Ainda não expedi minha carta de alforria mas, livrei-me deste maldito fantasma censor.
Deixo São Vicente, minhas imagens e o rosto alegre de minha menina e volto para Santos e as realidades da vida.
Desço do ónibus ali na praia, junto ao Gonzaga. Vou, ainda, em busca de tirar as fotos junto com o Fábio, gerente da Renner. Afinal, é o mínimo que podemos fazer, Queirolo e eu, em agradecimento a todas as gentilezas e ao carinho com que fomos tratados; uma foto onde ele estivesse incluído.
Venho saudoso das lembranças de minha menina mas, feliz! Shopping a dentro, leve e descontraído.
Ainda no térreo, passo por um sujeito que me parece conhecido mas, a memória já anda meio falha, cansada ou preguiçosa, talvez.
Continuo a caminhada mas, alguma cena, alguma lembrança nos recónditos do ser, me chamam de volta à realidade.
Retorno, encaro-o, sorrimos e ficamos ali (no meio daquele espaço imenso, cercados de centenas de passantes atónitos) abraçados, em silêncio.
Trinta anos, talvez, sem nos vermos.
O casamento me tirou de circulação. Não! A opção foi minha. Abandonei o futebol, as matinês dançantes, a zoeira e a distància agiu entre nós todos. Meu amigo foi para a terra de Tio Sam e eu fiquei aqui, na terra de Brás Cubas, dos Andradas, de meu pai e de meus filhos.
Nos olhamos nos olhos, sorrimos e voltamos a nos abraçar. Que saudades!
Isso é amor!
Sem cobranças, sem dívidas, como se nos tivéssemos encontrado ontem, pela última vez.
Quantas lembranças! Relembranças, saudades, gente que veio, gente que se foi...
Ah! Nossos quintais, chalés, namoros, futebol (viagens), matinês...Quantas saudades.
A garganta seca, as lembranças parecem entaladas...
-Vamos tomar um copo com água?
Abre-se até, um precedente e acabamos entrando na mesma cafeteria onde prometi não mais entrar. Mas, o momento de reencontro é único e vale até transigir na promessa!
-Água mineral?
-Excelente idéia!
-São Lourenço: adoro! Me lembra até o Boa Vista.
Ficamos ali, pelo balcão, trocando imagens e lembranças, entre copos com água mineral e muitas saudades.
-Quantos filhos você tem?
-Quatro! A mais velha vai indo pela casa dos trinta. Bem...a segunda também. Um filho com 28 e a "raspa de tacho" com vinte e um.
-Filhas gêmeas?
-Não! É que nasceram no mesmo ano. Uma em fevereiro e a outra em novembro.
-Que pressa! Eu tenho três meninas mas, a mais velha é mais nova que a sua última.
-Você começou mais tarde! Ficou na bagunça mais tempo - digo eu, rindo.
-Só casei, depois que voltei dos Estados Unidos!
-Sabe, Tuca, eu gostaria de morar em um chalé daqueles, à beira mar. Construído sobre pequenas pilastras e embaixo dele eu guardaria as minhas canoas. Tenho duas!
-Eu digo à minha mulher que gostaria de voltar às minhas origens e morar novamente em um chalé. Mas, ela não quer nem pensar. Imagine sair de um apartamento no Gonzaga, para um chalé daqueles, de madeira...
-Todo pintadinho de amarelo claro, soalho enceradinho, um quintalzinho na frente, uns coqueiros, como lá...Antigamente...
-Você tem visto a turma?
-Vejo, com mais constància, o Torero. Algumas vezes, o Bráulio...
-O Bráulio eu encontro por aí, sempre de moto...
-Na semana passada, eu vi o "Gato" e ele me disse que acabara de encontrar com você, ficaram batendo papo, falando em juntar a turma toda, outra vez.
-Diz ele, que a Verinha Villar queria juntar todo o pessoal mas, ela se foi sem realizar a vontade. Eu nem soube...
-Fomos à missa de sétimo dia! - digo eu.
-Precisamos fazer isso: reunir todo o pessoal.
-O Edgar e a Inah, eu nunca mais vi. Moram em São Paulo.
-Tu lembras de quando eu namorava a Tininha e você a ..., prima dela? A gente se sentava na porta da tua casa...Lembra?
-Lembro-me, sim! Lembro mais...Que dona Filó me desculpe mas, você era um filho da puta; te lembras, daquela história do namoro, do uísque,...?
-Se me lembro! Nunca mais esqueci - diz ele rindo.
-E eu fiquei com a maior cara de idiota, toda a turma tirando o sarro na minha cara. Por causa de uma brincadeira sua. A coisa mais boba, mais sem graça. Eu nunca mais tive cara para olhar para a família dela.
-Mas, foi bem pensada a história, não foi? Depois que vocês terminaram o namoro, inventar que o pai dela havia dito: "O senhor não me apareça mais por aqui! Foi sempre muito bem recebido. Dava uns "amassos" na minha filha e eu nunca disse nada, porque achava natural. Fingia não ver, quando o senhor bebia do meu uísque, às escondidas. Mas, limpar o pau na cortina...Essa, foi demais!
Carlos Gama. www.suacara.com
23,00 h em 16/4/2001.







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