Era um dos melhores e mais conceituados médicos daquela sociedade.
Estava absorto com idéias e projetos específicos que levariam a saúde para milhares de pessoas.
Mas alguns problemas financeiros começaram atormentar sua alma.
Não via saída e resolução a curto prazo e por isso ao ler uma história sobre um tal de doutor Jekil inspirou-se.
No dia seguinte ao que fora o pior de sua vida, ligou para seu corretor de seguros e contratou seus serviços. Providenciariam os papéis. A segurada seria sua melhor e mais querida empregada doméstica. Naqueles dias completara sessenta anos e daria a ela uma apólice como presente.
A infeliz jamais saberia que o beneficiário de sua própria morte seria o galante presenteador.
Mais alguns meses e a fim de curar um resfriado qualquer, na seringa, o doutor morte colocou cloreto de potássio.
Os dias passaram rapidamente. As consequências não fugiram das esperadas.
O doutor morte, para a ironia do destino, foi contratado a peso de ouro por uma clínica geriátrica.
Nos cinco anos que se seguiram sob seu gerenciamento o tempo de vida dos velhinhos reduziu-se para o mínimo possível.
Enquanto isso as riquezas todas que se deslocavam dos patrimonios vacantes engordavam as contas bancárias do facultativo.
Até que um dia toda a verdade veio à tona.
Sob tratamento psiquiátrico o doutor morte escolheu por sua livre e espontânea vontade a eletroconvulsoterapia como possível mitigador da condenação pelo judiciário. A técnica utilizava equipamentos importados. O que diferenciava os procedimentos atuais dos aplicados antigamente, era a anestesia antes dos choques.
Mas, isso entretanto, de forma alguma impediu que a justiça cumprisse com o seu dever. Condenado a mais de 173 anos de prisão, o doutor morte aguarda o dia em que ao pó voltará.