Em 1980 eu, um irmão e um amigo fomos a Porto Alegre assistir uma decisão do campeonato gaúcho. Num domingo de muito sol aconteceria o jogo. Só tínhamos que nos hospedar na casa do amigo Bento Carlos Palmarante, torcedor do Internacional, sogro do zagueiro André Luís, que andou pelo colorado, Santo André e outras equipes brasileiras.
O Palmarante morava em Curitiba e quem nos recebeu foi o seu filho, Carlinhos. No apartamento também estavam o jogador Rovanir, sua esposa e a esposa do ex-jogador do inter Laone.
Quando chegamos ao apartamento o pessoal desconhecia o fato de sermor torcedores do Grêmio, o maior rival do colorado. Sem ter o que fazer e em nome da amizade de nossos pais, fomos bem recebidos.
No dia seguinte seguimos ao Beira-Rio, onde após intensa partida um empate sem gols garantiu o título para o Grêmio, que contava com o experiente goleiro Leão entre tantos craques.
Durante o jogo pudemos assistir o quanto significava para os moradores de Porto Alegre a rivalidade no clássico. Como eu morava em Curitiba não imaginava o que significava andar com camisa do Grêmio nas imediações do Beira-Rio.
Durante o jogo vi um polaco levar safanões por entrar com camisa vermelha na torcida tricolor.
Também vi um jovem racista da torcida gremista ficar sem graça ao discutir com Paulo Lumumba e descobrir quem era o grande ídolo. Racista burro teve que engolir a ignorància.
Na saída apanhamos de torcedores do inter. Espancavam os torcedores do Grêmio e tudo virava batalha campal sob os olhares omissos da Brigada Militar.
Um carro vermelho cheio de torcedores gremistas levou pontapés de torcedores da dupla grenal.
O bom senso fez com que retirássemos as camisas tricolores. Chegamos ao apartamento dos nossos anfitriões já de noite, quietos para não sermos incomodos. Apenas ostentávamos as faixas de campeões gaúchos para não deixar barato.
Acredito que foi o campeonato gaúcho mais azedo pra familia do falecido Palmarante. E pra nós tricolores uma baita gozação.
