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Cronicas-->Frost Fricote -- 30/11/2010 - 20:30 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O país em desenvolvimento, embora muito envolvido com questões vergonhosas, deixa milionários os já ricos herdeiros das famílias mais tradicionais. José Augusto e Lenora estudaram na Europa, casaram-se em Dubai e passam temporadas na casa de Petrópolis ou no apê na Champs Élysées. Nunca se viram como opressores de quem quer que fosse (oprimir é coisa de bisavó!). Preocupam-se mais em não descer do salto Prada, nem perder o rebolado, ou melhor, o vai-da-valsa (rebolado é coisa de pobre!). Quem foi que disse, no entanto, que gente assim não pode viver seus dias de caça?
- Aló, Lenora?
- Oi, meu querido, eu estou na drenagem linfática. Pode me ligar mais tarde?
- Mas, Lenora, você precisa me ouvir...
- Que foi, José Augusto? Essa voz cochichada é por quê?
- Tem alguma coisa estranha acontecendo aqui em casa... Eu passei aqui para pegar os tacos do golfe e... você não vai acreditar...
- O que, José Augusto?
- Tem um pinguim na nossa cozinha!
- Pinguim?! Como "pinguim", José Augusto? Pinguim é só lá no Pólo Norte...ou no Sul, sei lá. Deve ser a Juraci de uniforme, que hoje nós vamos receber o pessoal do museu. Lembra?
- Não, quer dizer, lembro. Mas não é a Juraci, não. É um pinguim mesmo. Em cima da geladeira.
- Um pinguim de geladeira na minha cozinha planejada?!
- É. Eu fui tomar uma Perrier e ele já tinha se instalado no teto da Frost Free...
- Um pinguim na minha Frost Free?!
- É, Lenora. De louça. Preto e branco, com o bico dourado!
- Não! Bico dourado, não! Como isso foi parar aí, José Augusto?
- Eu não sei. Estou tão chocado quanto você.
- Olha direito, homem. Veja se não é o nosso multiprocessador que a Juraci guardou no lugar errado.
- Vou olhar...
- Cada uma que....
- Lenora?
- E aí?
- A menos que nosso multiprocessador tenha bico e asa, é um pinguinzão de
geladeira mesmo!
- Meu Deus! O bicho precisa sair daí antes que os Ponte Sousa cheguem. Meu Deus! Se a Meirinha Pamplona fica sabendo disso...
- E se eu fosse à cozinha e empurrasse o bicho para dentro da lixeira?
- Nem pensar! Não toque nisso nem morto! Nós não sabemos o que pode acontecer. Não! Fica aí que eu já chego em casa. Vou pensar em alguma solução.
- Vem logo, Lenora. Tem algo de muito estranho por aqui. Muito estranho.
- Fique calmo, José Augusto. Respiração abdominal, uhhh, uhhhh, uhhh, shhhh! Já estou chegando.
...................................
- Querido? José Augusto?
- Aqui, Lenora, atrás da Berger.
- Ele ainda está na cozinha?
- Do mesmo jeito. Acabei de olhar.
- Eu tive uma idéia. É radical, mas pode funcionar.
- Fala!
- Vamos guerrear com o pinguim.
- Como assim?
- Se nós jogarmos nele tudo que represente nossa superioridade e sofisticação, talvez ele não suporte e desapareça. Por exemplo: o seu Tag Heuer, a minha Loui Vuitton, o meu Channel, a sua Mont Blanc.
- Mas e se não funcionar?
- Será o nosso fim.
- Então...
- Vamos?
- Atacar!
Quando os Ponte Sousa chegaram para o patê, Lenora e Gutinho jaziam sobre o piso negro da cozinha cercados por quadros do Sagrado Coração de Jesus, canecas do Festival de Chopp de Blumenau, rosas de plástico, pantufas de ursinho, bibelós de louça e por um exército de pinguins de geladeira de todos os tamanhos.
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