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cronicas-->Silêncio - Não vi, nem ouvi -- 01/12/2010 - 17:57 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Silêncio - Não vi, nem ouvi

Ernesto Caruso

26/11/2010

Manhã radiante, céu de brigadeiro, nove horas e vinte minutos, temperatura 32º (painel do carro) lá vou para a cerimónia no CMO marcada para 10 horas em homenagem às vítimas da Intentona Comunista, havida há 75 anos, em 27 de novembro de 1935.

Esporte fino, como reza o convite, blazer, gravata e o orgulho de soldado em poder participar da justa reverência àqueles militares, vítimas de quem se supunha colega de farda, mas a serviço do comunismo internacional.

Ultrapasso o portão da guarda em busca de um local para estacionar o auto, diviso algum colega também na reserva, e vou em frente. Encontro uma sombra, estaciono, desço e tomo a direção do palanque. Lá alguns oficiais superiores em uniforme cinza próximos a uma mesa com refresco, água e café; passo ao lado, os cumprimento, tomo um cafezinho e entro no palanque, mais alguns oficiais em pé, cadeiras vazias, fico em pé junto a uma grade protetora na parte de trás da ampla área coberta.

Bandeira do Brasil no topo do mastro ao sabor de uma leve brisa, altaneira, como no altar da pátria, venerada por seus soldados, sempre que lá estão no bonito campo de parada. Absorto devido ao cenário que me reporta ao passado não me dei conta de sentir o que se passava. Retornando à realidade, olho o relógio, 9h50min, alguns soldados estão recolhendo as cadeiras e as colocam na viatura, desmontam caixas de som, no clima de "fim de festa". Pergunto aos meus botões, aliás um só do paletó, será que estou "voando". Será que li errado o horário no convite recebido pela internet.

Resolvo sair com cara de interrogação. Entro no carro, ainda bem, na sombra, e busco a saída. Paro no Corpo da Guarda e pergunto ao soldado se houvera a cerimónia, diz que sim, que foi rápida; se aproxima um cabo que formula uma pergunta, me identifico, pergunto se a formatura não estava marcada para as 10 h, responde que sim (me sinto aliviado, não estava "voando"); pede desculpas, diz que houve uma antecipação para 9 horas e que depois nós receberíamos uma mensagem sobre o assunto. (Eu) me vou pensativo.

Que motivos tão sérios impuseram uma mudança de horário?

Quando decidiram? Tudo é possível; não tiveram tempo de avisar os convidados militares da reserva.

Será que todos teriam que cumprir uma outra missão?

Até não tiveram tempo de colocar algum oficial na entrada do QG para receber aqueles que estariam chegando para a cerimónia na hora escrita no convite.

Entusiasmado, levara no bolso do paletó u´a máquina fotográfica para se possível registrar os momentos marcantes da cerimónia, como fizera na comemorativa da Revolução de 31 Março no Palácio Duque de Caxias (Manhã memorável e de muita emoção), e poder transmitir a tantos quantos militares que na reserva ativa ainda vestem a farda verde-oliva. Valeu a intenção.

O toque de silêncio que ao impor uma reflexão, nos leva a dar continuidade a voz daqueles que a perderam no ato covarde do tipo "Até tu, Brutus"; palavras outras com os nomes dos assassinos, pronunciadas por cada uma das vítimas da Intentona, sangradas pelo vizinho de cama no alojamento, no corpo da guarda.

Flores que simbolizam a despedida da vida, a ser repetida a cada ano do infausto acontecimento, que felizmente não aconteceu em 1964, mas se repetiu com mortes, sequestros, explosões, terrorismo nos anos subsequentes.

Continência sempre aos que morreram pela Pátria.

Covardia maior será esquecer os nomes desses heróis e não poder responder PRESENTE a cada nome que for citado.

Silêncio que não ouvi, não vi, mas senti.


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