era pedreiro, tinha sede, estava ali. a grande revolução estava pra acontecer. não era greve, motim ou mutirão. no boteco fétido e tétrico. cartazes velhos, desbotados de cerveja pregados na parede. não era ninguém importante. nem mesmo sindicalista. aliás, votara na situação na última eleição e não sabia a diferença entre senador e deputado. a grande revolução estava ali em cima do balcão, gelada e cheia de marketing. vira a propaganda na tv. não conhecia coca-cola com notas de cereja. tomou. o líquido ficou dez minutos no trato bucal. durante esse tempo se sentiu gente igual ao bonitão da tv. mas a magia durou pouco. depois do bebido se sentiu vazio e comum novamente.