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cronicas-->Todos os dias! -- 18/04/2001 - 22:22 (Martha Rocha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TODOS OS DIAS!

Este texto eu dedico a todos que amam, sem limites ou barreiras. Ao amor como deve ser: total.



TODOS OS DIAS!

As cores da madrugada já se transformavam em ouro puro sobre o oceano calmo e azul, puro reflexo de um sol imenso que se levantava no horizonte ainda azulado pela madrugada densa.
Surgindo lentamente, se apossando do mar, do céu, dos poucos barcos já no mar, ocupados por pescadores que partiam em busca da vida diária, do pão de todo dia, a luz enchia de cores aquele que prometia ser o mais radiante de todos os dias daquele ano.
Luzes, somente luzes, puras e carregadas de fluidos positivos, de amor intenso, de calor imenso condensado de um astro que todo dia se apresenta para aquecer e fazer a vida neste planeta.
Sentada diante daquela maravilha natural, a mulher observa atenta todos os movimentos como absorvendo cada coisa com um misto de curiosidade e desejo. Um desejo indelével de ser parte de tudo aquilo, de estar totalmente inserida num contexto universal onde somente uma criatura gerada pela força maior de um Criador universal poderia fazer parte.
Os pés ainda enterrados na areia, o corpo relaxado, os braços que abraçam as pernas e mantém todo o corpo imóvel como que com medo de perturbar a manifestação da força divina que observa mais atenta do que antes, demonstram força, uma vida intrínseca, uma pantera observando a presa, os olhos faiscando, procurando, rastreando, até que de repente como que se atingida por um raio, se levanta e corre para o mar.
Agora um mar dourado com o sol quase todo fora do horizonte, um céu absurdamente azul, sem nuvens somente algumas estrelas ainda teimosas de perder este espetáculo brilham e se mantém no firmamento.
Ela ganha a areia e de braços abertos e o corpo bronzeado quase desnudo recebe o sol, recebe seu calor, sua luz, sua energia, os cabelos refletem um colorido avermelhado, os olhos faiscam, a boca se entreabre para receber o beijo do astro-rei.
A mulher na areia agora é uma fonte intensa de reflexos, todos eles vindos do sol, a manifestação do seu amor, a forma que ela encontrou de estar todo dia com ele, o homem da sua vida, a sua fonte de inspiração e energia, a sua maneira de homenagear aquele pelo qual ela dedica cada segundo de sua existência desde sempre, desde que o mundo foi criado, desde que o sol começou a brilhar numa tremenda explosão nos primórdios dos tempos.
Ela fica estática esperando e recebendo, como se em qualquer lugar que estejam neste momento único seus pensamentos se fundem, se procuram e se tornam um só... Por poucos minutos, por pouco tempo se contado no relógio, uma eternidade se contado no tempo do amor.
Agora satisfeita, quase saciada em sua sede de paixão, corre para o mar, mergulha por inteiro naquele manto seguro e frio, que mesmo assim lhe aquece a alma e o corpo, refaz sua mente em milhões de projetos, todos eles com um único objetivo agora, ser e fazer feliz todos que a rodeiam.
Lentamente deixa a água do mar lavar seu corpo, envolvê-la naquela imensidão dourada e azul, enchê-la de alegria por estar ali, estar viva para receber esta dádiva divina, receber todo o amor que o universo pode gerar em um ser humano. Nela.
Ser capaz de receber este amor, de perceber este sentimento, vale cada segundo da sua existência que há muito, muito tempo não sentia algo tão maravilhoso, tão intenso, tão completo. Amar sem restrição sempre foi o seu maior desejo, e agora podia até gritar ao universo que estava acontecendo. Amava de forma tão completa que nem se lembrava direito de onde estava ou o que fazia ali. Apenas amava.
Suavemente ela se desloca na água, brinca nas ondas, se joga como as crianças fazem ao furar as ondas, rindo sem parar, muito alto com todo o calor do dia que está nascendo. Está completamente esquecida de tudo e todos.
De repente fica completamente em alerta, olha ao redor como se algo fosse acontecer, seus sentidos estão totalmente acordados para o inesperado, espreita em todas as direções, busca com o olhar como uma águia que caça sua presa, e vai saindo da água na direção da areia agora mais aquecida pelo sol, as marcas dos pés ficam demarcando o trajeto percorrido até a calçada.
Escala os degraus e pára, mais atenta do que nunca, olha para os lados, sacode os ombros e pensa silenciosamente que foi tudo um sonho, baixa os olhos para a calçada e segue um rumo incerto pois ainda não se decidiu, mas precisa fazer as malas e partir, chegou a hora da realidade, de voltar ao trabalho, de cuidar da vida.
Foram muitas horas de prazer, de risos, de tristeza por estar só ali. Só? Ela ri sutilmente para si mesma.Nunca esteve só realmente, ele sempre esteve junto dela, cada segundo de cada amanhecer ele veio e a abraçou e beijou, essa é a certeza absoluta que ela carrega em si. Continua a sorrir, tímida por sentir aquela sensação de estar sendo sempre observada por aqueles olhos ávidos do seu amor, do seu corpo, do seu pensamento, do seu sorriso que poucos vêem com frequência.
Segue pela calçada sorrindo, e as pessoas que passam em sentido contrário observam e começam a sorrir também, como que contagiadas pela luz que vem daquela mulher quase dançando agora pela calçada afora.
Mas ela não percebe que a vida lhe prepara uma surpresa, ao girar o corpo num gesto como se dançasse feito louca que só ela ouve a música, seu corpo se choca com outro. Ela estanca, pede desculpas ao homem alto e bonito, fazendo menção de seguir em frente, mas ainda sorrindo.
Surpresa ela sente que não sai do lugar e o motivo é a mão que a segura, firmemente, ela pede desculpas novamente e gira o corpo para seguir em frente. Nada acontece, a mão se mantém ali, firme, e repentinamente ele sussurra seu nome, bem soletrado, cada sílaba como se a beijasse, aproxima o rosto do dela e então a beija suavemente. De verdade.
Em completa loucura ela entende tudo, sim, compreende num segundo que o sol chegou, se fez homem e agora rodopia com ela presa nos braços, sem limites, sem medos, só paixão. Ele chegou e veio para ficar. Como não percebeu sua presença? Como?
A resposta vem rápida daqueles lábios que tanto ama: o mar me trouxe, eu passei por você na praia, me pressentiu como sempre, mas não pode me ver, te espreitei atrás das árvores da calçada. Voltei para te fazer feliz e principalmente para que você me faça um homem muito feliz. Você aceita?
Apenas um sorriso, uma concordància que transcende qualquer coisa humana e conhecida, sim... Sempre será um sim para aquele homem.
Agora, em todos os dias do ano o mesmo ritual se repete, frente ao mar, frente à janela do quarto, frente a uma montanha qualquer, frente a lugares impensáveis... Ela se levanta no momento que o sol surge e o procura. Para o bom dia, para o abraço, o beijo, o prazer de estar com ele naquele momento. Ela sabe, ele sabe, nada poderá mudar este destino que se fez assim num passe de mágica, num simples toque, mesmo que na eternidade se perpetue indefinidamente, este será sempre o gesto do seu amor.
Uma mulher, um homem, um amor não escrito em lugar algum, e marcado em todos os lugares. Sem endereço fixo, sem registro, sem medos, sem passados, apenas um futuro traduzido em carinho, calor, afeição, desejos, sonhos, muitos sonhos. Todos os sonhos do universo compactados em dois corpos, um só pensamento. Num só amor verdadeiro e único, inigualável, incomparável, porque baseado na essência de duas almas sem se saberem ontem, hoje gêmeas.
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