A Cigarra e a Formiga
Tendo a cigarra em cantigas
Folgando todo o verão
Achou-se em penúria extrema
Na tormentosa estação.
Não lhe restando migalha
Que trincasse, a tagarela
Foi valer-se da formiga,
Que morava perto dela.
Rogou-lhe que lhe emprestasse,
Pois tinha riqueza e brio,
Algum grão com que manter-se
Até voltar o acesso estio.
A formiga nunca empresta,
Nunca dá, por isso junta.
No verão em que lidavas?”
À pedinte ela pergunta
Responde a outra “Eu cantava
Noite e dia, a toda a hora.
- Oh! Bravo! retorna a formiga
- Cantavas? Pois dance agora”
(Bocage)
postado por Heleida
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