UM DISCUROS OUSADO
O que escrevo aqui, não é original. Mas também não pode ser considerado um plágio, porque estou tentando reproduzir um discurso que ouvi em espanhol através do rádio a uns dois anos atrás. Entendo um pouco da língua, mas não falo. Mas como achei o tema interessante, arrisco a cometer os erros possíveis, já que o assunto é justamente esse: risco do erro. Não anotei o nome do orador, no pouco que pude fazer. É claro que depois de tanto tempo, o tom e os erros de falta de seqüência, são meus:
O erro jurídico está mais longe das pessoas, mesmo porque felizmente, a maioria passa a vida toda sem precisar de um advogado. Mas eu precisei um dia, e perdi uma pequena fortuna porque o meu, se esqueceu o dia do mês, e perdeu um prazo estabelecido pela discutível lei. E fui eu quem perdeu, porque como é que vou brigar na justiça contra um advogado? Ainda mais sem dinheiro como fiquei.
Os erros médicos são mais freqüentes. Mas são encobertos pelos próprios, porque outras leis do mesmo naipe, julgam incompetentes os que não o são, e competentes aqueles, ainda que operem uma perna sã, deixando a outra quebrada por engano, ou costure uma tesoura pelo lado de dentro da barriga de um paciente.
Mas existe um outro campo de erro que me incomoda mais: O espiritual. Porque se há alguma coisa de verdade em tudo que se diz, perder uma causa jurídica, ou ficar em coma ou paraplégico depois de uma anestesia errada, é fichinha diante desse particular. Porque segundo consta, o assunto é de um suposto relacionamento com Deus, e um erro pode causar um dano de proporções eternas.
Mas é justamente nesse campo, que está a maior confusão. Os advogados e médicos tem mais consenso. Eles se entendem muito mais do que qualquer religião que não se entende nem consigo mesma. As divisões são inúmeras, e o pior, é que encobrem as brigas e desavenças com argumentos convincentes amparados pelas interpretações que dão aos textos que trazem debaixo do braço, e que sabem de cor.
Mas deixemos todos de lado, e pensemos no que acontecerá conosco que procuramos a verdade. Para qualquer lado que virarmos os nossos narizes, haverão portas escancaradas e pessoas gritando nelas dizendo que aquela é a verdadeira. Ainda que tapemos os nossos ouvidos, os apelos estarão estampados diante dos nossos olhos, por quem apela para os nossos sentimentos dizendo-se mandado por Deus. Ainda que não queiramos, essa estrada já larga como o tamanho do mundo, se alarga mais ainda debaixo dos nossos pés... E o pior é que no campo da justiça e da medicina, são encontradas mais facilmente as verdades, porque elas são menos discutíveis. Nesse, não há escape. É o espeto, ou a brasa. Todos se dizem de Deus, até mesmo os que são inimigos dele e uns dos outros.
Estive lendo a Bíblia, e percebi que os profetas daquele tempo, foram escolhidos pelo próprio Deus, e eles mesmos não queriam ser, e até fugiam disso. Hoje é justamente o contrário que acontece, e em cada igreja há uma multidão deles que se nomearam apóstolos, profetas e servos de Deus, porque ouviram uma pregação de outros que antes fizeram o mesmo pelo mesmo método, e pelos mesmos interesses.
Os religiosos como disse não se entendem. Nem os das mesmas denominações. Tem posições contrárias sobre quase todos os pontos em questão, e mesmo assim todos afirmam que receberam inspiração de Deus. E, não sei se pior ou melhor para quem quer saber da verdade, a esmagadora maioria está enganada sem dúvida, mesmo porque os mesmos livros que eles se apóiam para afirmarem o que afirmam, confirmam o engano em profecias claras. Mas estas profecias se cumprem, porque foi Deus quem disse que eles seriam enganados nos seus caminhos, ainda que com o mapa nas mãos.
Resta então aos pobres mortais, ficarem à mercê de enganos sem soluções, porque em quem confiar? Se numerarmos mil denominações, elas terão pelo menos mil pontos de conflito, para sermos otimistas.
Que é que você faria, se tivesse uma doença muito grave, e que soubesse que se não procurasse o médico certo iria morre? E que é que faria, se pesquisando entre eles, visse que embora apresentem fama de educados, descobrisse que dentro dos hospitais eles disputam a tapas os seus clientes. E que faria ainda, se soubesse que entre mil que receitam se consultados sobre o mesmo sintoma, receitariam mil remédios diferentes? Que acha de médicos que estão dispostos a matar até os que procurem outros hospitais?... Por acaso, confiaria a sua vida às mãos de tais médicos?
No final do século passado, um líder religioso [Carl G. N. Packer] pagou o preço da sua sinceridade e foi expulso de sua denominação e nunca mais pode entrar em outra, por fazer as perguntas seguintes no boletim da igreja. É claro que igreja nenhuma está disposta a aceitar pessoas como essas, a menos que faça como um Galilei, e se retrate, em detrimento da verdade. (Se bem que seria melhor se houvesse mais desses homens por aí). Eis as perguntas do Sr. Packer: Para qual a religião você iria se soubesse que a chance de estarem enganadas é da mesma proporção do número de todas elas por um? (E saiba que esse número é impossível de se saber, porque é quase infinito, e só Deus o conhece). Para qual a religião você iria, se soubesse que nos livros que eles usam, não existe um só elogio de Deus aos seus dirigentes? Para qual delas você iria, se soubesse que justamente a que mais parece ser de Deus, é a que tem mais chance de não ser, segundo o mesmo livro? Para qual, você iria, se soubesse que as que apresentam soluções terrenas para problemas terrenos, são as que mais chances tem de não ser de Deus, porque são justamente essas que se esquecem do que de mais importante Jesus veio anunciar? E que é que você faria se soubesse que Deus disse que não haverá nem menção dos nomes delas no céu? Que você faria, se soubessem que os líderes como eu, somos empurrados para as funções que temos por todos os motivos, menos por um chamado real de Deus?
Qual a solução então? Seria perguntar para o próprio Deus. Mas se alguém o fizer e a religião escutar, vem ela com as respostas prontas que tem, porque não há no mundo quem tenha mais pretensão de saber todas as respostas. E o pior, é que dificilmente alguém pergunte, porque nesse assunto, quase o mundo inteiro já foi contaminado e tem uma posição.
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Adelmario Sampaio
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