A MÁSCARA DO INTOLERANTE
Atribuir a Israel, de forma artificial, intenções malévolas ilustra bem o anti-judaísmo de hoje em dia.
BEATRIZ W. DE RITTIGSTEIN | EL UNIVERSAL
Terça feira, 25 de janeiro de 2011 - 12:00 AM
Todos os governos e suas políticas são suscetíveis a críticas; mas, quando estas críticas são feitas com base em mentiras, é óbvio que o resultado, mais do que levantar uma opinião, é a busca de um objetivo malicioso.
Num recente programa de rádio, o vice-ministro venezuelano para a África, Reinaldo Bolívar, disse: "O Sudão, o maior país em extensão da África, está a ponto de se separar por uma política das multinacionais... Um dos elementos envolvidos é o sionismo. O sionismo interveio para livrar a guerra de Darfur, no interesse do rio Nilo. 90% de suas águas passa pelo Sudão. A Israel interessa as águas do Nilo".
Ora, o mapa acima nos mostra a impossibilidade física de Israel, situado no Oriente Médio, ter acesso à s águas do Nilo, que nasce em Burundi, no meio da África para desaguar no Mediterràneo, por seu delta no Egito. Atravessa de sul a norte o centro do Sudão, a milhares de quilómetros de Israel e flui para o Egito que, apesar de ter fronteira com Israel, o rio está distante e separado pelo deserto costeiro do mar Vermelho, pelo próprio mar Vermelho, e pela península do Sinai. Cabe destacar que esta última foi reintegrada em duas ocasiões ao Egito; uma, após a Guerra de Suez, em 1956; e a outra, depois que Israel a retomou na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e a devolveu pelo tratado de paz assinado com o Egito em 1979.
A guerra de Darfur irrompeu em 1983, quando Cartum impós a lei islàmica e os do sul, de maioria cristã e animista, se rebelaram. O conflito é complexo pela variedade de etnias na área, cada uma com suas próprias exigências.
Atribuir, pois, de forma artificial e mentirosa, a Israel e ao sionismo intenções malévolas, sem qualquer conotação com a realidade geográfica, histórica, ou política, constitui uma clara ilustração do anti-semitismo atual, que disfarça esse sentimento doentio de estendê-lo, demonizando Israel como a raiz de todo o mal.
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TRADUÇÃO DE
Francisco VIANNA
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