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cronicas-->CONFISSÕES -- 17/04/2011 - 23:30 (Roberto Stavale) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Se quisermos enumerar os significados de determinados verbetes, com certeza teríamos de escrever um livro. Mas vamos no ater a este artigo.
A palavra confissão, do latim confessione, adotada pelos segmentos bíblicos nos primórdios da Santa Madre Igreja, representa a reconciliação do homem pecador arrependido diante de Deus, praticando o Sacramento da Penitência para redimir-se dos seus pecados.
Segundo o Novo Testamento, Jesus Cristo cedeu aos doze apóstolos o poder de perdoar.
A confissão, desde a Alta Idade Média, era feita em confessionários privados, entre o confessor, sempre um padre ou bispo, nas igrejas ou nos presbitérios.
Antes, na Baixa Idade Média, as confissões ocorriam em frente ao altar-mor, em que o confessor sentava-se em uma cadeira e o confessado, em outra.
Os confessionários tradicionais eram um estande pequeno e fechado. Ao passar perto de um confessionário, por educação a pessoa colocava a mão sobre a orelha, mostrando respeito pela santidade do local.
Após o Concílio Vaticano II, realizado entre 11 de Outubro de 1962 e 8 de Dezembro de 1965, convocado e presidido pelo Papa João XXIII, o Sacramento da Confissão foi modificado, permitindo a confissão face a face.
Para facilitar as novas implantações, hoje muitos confessionários resumem-se a um simples quarto. Há uma tela, atrás da qual o penitente pode confessar-se anonimamente, em pé ou sentado em uma cadeira. Mas é permitido também que ele fique frente a frente com o confessor.
Com esse suposto perdão, para alcançar o reino do céu, a igreja montou um dos maiores sistemas de informações, que perdurou durante séculos, fazendo inveja a CIA, Central de Inteligência Americana, e a outros órgãos de serviço secreto.
Os monarcas e suas cortes faziam confissões apenas a cardeais ou ao próprio papa. Com isso, obtinham informações essenciais para a manutenção do poder da Igreja no mundo conhecido. E depois levavam esses mesmos ensinamentos às novas terras descobertas ou conquistadas, principalmente as Américas.
O fato estranho é que desde o primeiro Concílio feito pela Igreja Católica Apostólica Romana, provavelmente o de Jerusalém, convocado por São Pedro no ano 51 dC, jamais se permitiu que as religiosas exercessem o Sacramento da Confissão. Será que não confiavam nas línguas afiadas das mulheres e suas fofocas?
Da Igreja Católica, essa reparação dos danos contra os pecados chegou ao àmago da Igreja Ortodoxa, e em alguma Anglicana.
Em suas bulas, o Vaticano pune com a excomunhão qualquer sacerdote que revele as confissões de seu rebanho.
Esse sacramento foi se tornando um verdadeiro suplício para os católicos e outros religiosos, que se ajoelhavam nos confessionários, principalmente as mulheres, pois tinham de revelar toda a sua intimidade.
Desde criança, nas aulas de catecismo, o ser humano, temeroso dos seus pecados, aprendeu que esses eram cometidos por pensamentos, palavras e ações.
O angustiante confessor levava minutos e mais minutos para expor seus pensamentos malignos, fazendo a fila dos arrependidos crescer assustadoramente.
É de bom alvitre lembrar-nos do embaraço da garotada ao confessar, ou como contar, sobre as masturbações próprias da idade! Até pensar no ato era pecado.
Lembro-me de um fato que chamou a minha atenção, numa escola de freiras nos anos de 1950.
Um garoto foi chamado à sala da madre superiora para dar explicações sobre o seu comportamento. A professora notou que ele não tirava os olhos de suas pernas e foi fazer queixa na diretoria.
Antes de ser expulso, o infeliz teve de confessar o dantesco pecado a um padre chamado na capela da escola.
Outro acontecimento de lavagem cerebral sobre os alunos relato nas linhas a seguir:
Na escola Santa Mónica, no bairro da Consolação, onde fiz o primário, em uma das aulas de religião, a irmã Ivone pretendeu demonstrar "cientificamente" como as almas vão para o céu - apenas as purificadas pelas confissões. Ela trouxe uma garrafa de guaraná e um copo. Colocou o líquido no copo e o levantou para o ar, mostrando as pequenas bolhas que subiam, causadas pelo gás carbónico.
Entusiasmada, mostrou como as almas sobem ao céu. A meninada, absorta, observava o guaraná, em não as bolhas, com vontade de tomar um gole. Naquela época, bebia-se guaraná somente em festas ou no Natal. Para nosso espanto e decepção, aquela maldosa freira, depois da inútil demonstração, sorveu todo aquele delicioso refrigerante, deixando-nos com água na boca.
A grande exigência da confissão recaía sobre a comunhão. Pois sem o devido arrependimento e perdão, a troco de três padre-nossos e três ave-marias, o fiel não tinha o direito de receber a hóstia sagrada.
Esses costumes arcaicos e medievais da Igreja Católica mudaram radicalmente.
Os confessionários foram abolidos. Os que restam hoje, em certas igrejas antigas, são peças de museu.
A confissão, atualmente, é feita em público durante a missa. Os fiéis apenas têm de rezar um ato de contrição para ficar puros.
Informatizando a confissão, o Vaticano montou um sistema digital para seus seguidores livrarem-se dos seus pecados.
Hoje, por incrível que pareça, a Santa Madre Igreja nega que autorizou as confissões feitas pelo iPhone. É só algum sacerdote, seja lá quem for, estar on-line do outro lado, para receber a mensagem dos pecados cometidos e absolver o pedinte, sem penalizá-lo com orações.
Pelo andar da carruagem, todos os pecados serão analisados e perdoados através do MSN, Orkut, Facebook e demais parafernálias de comunicações que invadiram a internet.
Vamos chegar ao ponto em que bastará ligar para a paróquia para ser perdoado, seja lá por quem atender, padre, sacristão ou empregada que estiver fazendo a limpeza. Assim, o ex-pecador livra-se de suas angústias e garante o seu lugar no céu.
Com isso, a Santa Madre Igreja, a cada dia que passa, perde grande parte do seu rebanho, que migra para as Igrejas Evangélicas, onde os dízimos estão fazendo fortunas, igual ao império imposto pelo catolicismo, que nada mais é do que a continuação do Império Romano convertido pelo imperador Constantino, o Grande, três séculos depois de Cristo.
Cristo crucificado em sua cruz, para salvar os pecados do mundo, clama ao seu Pai:
- Pai! Oh, meu pai! Por que tanto horror perante o céu?




Roberto Stavale
São Paulo, abril de 2011
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