Hoje acabei uma pintura à óleo,
coisa simples, inspirado em uma foto qualquer,
de um catalogo qualquer,
desses que levam a natureza à sério.
A descrição é a seguinte:
O fundo está queimado, (termo que se usa para uma imagem
difusa, um quê de borrão), uma cidade com luzes ofuscadas pela neblina,
variando entre o amarelo e o laranja.
O cinza dá um ar de inverno, entretanto, o que se vê
no primeiro plano, lembra rapidamente o outono,
mesmo que sua cor quente traga o calor do verão.
Ali está uma folha quase seca, caída de uma arvore qualquer,
e corriqueiro, se não fosse o fato de ali estar retratada.
Presa com leveza a um arame farpado,
dando a nítida impressão de que ali o vento corre.
Pra dar impressão de realidade, ajeito com cuidado,
uma teia de aranha, que prepara sorrateira a armadilha
para a próxima refeição.
Simples, apenas uma folha,
um pedaço de arame farpado,
uma teia de aranha,
uma cidade ao fundo.
Com outra visão eu entendo que essa cidade
são os corações nublados, confusos, cheios de duvidas.
Esta folha é cada um de nós que à todos os dias caímos,
pelos tombos naturais da vida, pela idade que chega mostrando
a morte como o ponto final,
além desse arame farpado a que estamos expostos todosos dias,
na intenção de nos ferir.
Uma visão um tanto quanto depreciativa de uma imagem à primeira vista,
tão bela, e cheia de melancolia.
Esta obra possui um dono, mesmo não estando em seu poder.
E ali estão nossas vidas, retratadas em salpicos de tinta, num grande
emaranhado de cores e sentimentos.
Viva a liberdade de pintar e entender como deseja. |