Usina de Letras
Usina de Letras
138 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62182 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10351)

Erótico (13567)

Frases (50584)

Humor (20028)

Infantil (5425)

Infanto Juvenil (4757)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->A FESTA DAS MAIAS -- 30/04/2011 - 20:47 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


A festa das maias em Portugal

João Ferreira

1 de maio de 2011



Minha irmã Ermelinda comprou ontem de manhã uns ramos de giesta florida. E à noite foi colocá-los nas portas e janelas do apartamento. Desceu nos vários andares do prédio e foi entronizá-los nas portas dos vizinhos. O lugar verdadeiro para encontrar estas flores no Porto por ocasião da festa das maias, seria o mercado do Bolhão. Mas ela as encontrou por aqui mais perto na rua, na avenida Rodrigues de Freitas. Perguntei porque comprou essas flores silvestres, tão encontradiças nas beiradas das estradas e nas regiões serranas e ela me disse que as flores se destinavam à celebração da “festa das maias”. E o que seria essa "festa das maias" perguntava eu para mim mesmo. Fui entendendo que era uma tradição aqui na terra. Para mim era novidade. Ela me explicou como era feita a celebração das maias e com base na curiosidade fui buscando novas explicações inclusive na Internet e falando com as pessoas. Ao cabo de algum tempo consegui a informação básica de que precisava para utlizá-la nesta crônica. Segundo a narrativa da Ermelinda a festa das maias celebra-se na noite de 30 de abril para 1 de maio. É uma tradição popular,ao que parece dominante no norte Portugal e outros pontos do país e que assenta numa lenda sincretista que combina elementos pagãos com histórias populares cristãs. O nome “maias”, no caso, são as “flores de giesta”, muito lindas este ano no mês de abril. Nos montes de Agunchos e em todas as áreas nortenhas desde a serra da Lameira ao Alvão era possível distinguir essas flores em grandes manchas amarelas a atestar a força explosiva da primavera. Pelo que consegui saber a festa atual tem uma mistura clara da tradição pagã que vigorou durante muitos anos na península ibérica e de uma história popular baseada num fato bíblico. E nada melhor que o site portugal-on-line.para nos dar em detalhs a origem e a dimensão da festa das maias:



“A origem da tradição das Maias perde-se no tempo e pode ter várias explicações. Segundo alguns, a Maia era uma boneca de palha de centeio, em torno do qual havia danças toda a noite do primeiro dia de Maio. Por vezes, podia ser também uma menina de vestido branco coroada com flores, sentada num trono florido e venerada, todo o dia, com danças e cantares. Esta festa, de reminiscências pagãs, foi proibida várias vezes, como aconteceu em Lisboa no ano de 1402, por Carta Régia de 14 de Agosto, onde se determinava aos Juízes e à Câmara "que impusessem as maiores penalidades a quem cantasse Mayas ou Janeiras e outras coisas contra a ley de Deus...". Ainda segundo outros, o nome do mês de Maio terá tido origem em Maia, mãe de Mercúrio, e a ele está ligado o costume de enfeitar as janelas com flores amarelas.

Seja como for, todos estes rituais pagãos estavam ligados ao rito da fertilidade para com o novo ciclo da natureza, à celebração da Primavera ou ao início de um novo ano agrícola. Mais tarde, houve necessidade de lhe incutir algum sentido religioso, promovendo a sua ligação à Festa da Santa Cruz ou ao Corpo de Deus. Esse facto pode justificar a lenda do Alto Minho, segundo a qual Herodes soube que a Sagrada Família, na sua fuga para o Egipto, pernoitaria numa certa aldeia. Para garantir que conseguiria eliminar o Menino Jesus, Herodes dispunha-se a mandar matar todas as crianças. Perante a possibilidade de um tão significativo morticínio, foi informado, por um outro "Judas", que tal poderia ser evitado, bastando para isso, que ele próprio colocasse um ramo de giesta florida na casa onde se encontrava a Sagrada Família, constituindo um sinal para que os soldados a procurassem e consumassem o crime... A proposta do "Judas" foi aceite e Herodes tratou de mandar os seus soldados à procura da tal casa. Qual não foi o espanto dos soldados quando, na manhã seguinte, encontraram todas as casas da aldeia com ramos de giesta florida à porta, gorando-se, assim, a possibilidade do Menino Jesus, ser morto.

Talvez resultado desta lenda, hoje em dia ainda é possível observar em algumas zonas do nosso país, a colocação de ramos de giestas em flor, ou até mesmo coroas feitas de ramos de giestas, conjuntamente com outras flores e enfeites coloridos, nas portas e janelas das casas ou nos automóveis, na noite de 30 de Abril para 1 de Maio. Com o passar dos tempos, este costume também acabou por despertar alguma competição entre vizinhos, onde cada um tentava possuir a coroa mais bonita e elaborada.

Além do Alto Minho, onde esta tradição ainda continua viva, importa aqui realçar o caso da freguesia de Albergaria-a-Velha, onde esta tradição teima em resistir. Numa contagem rápida e unicamente tendo em conta as principais artérias de parte da freguesia, foi possível contabilizar na manhã do dia 1 de Maio deste ano de 2003, cerca de 75 casas com coroas de giestas e flores penduradas nas portas ou janelas, das quais as fotografias que se mostram são meros exemplos, e cerca de 90 outras casas em que os simples ramos de giestas tinham sido espetados nas portas ou janelas. Esta quantidade, que peca por defeito em relação à totalidade dos casos que se poderiam contabilizar, é de alguma maneira surpreendente e, segundo sabemos, não encontra paralelo em mais nenhum concelho ou freguesia desta região. Pelo valor da tradição e pela beleza que acaba por trazer às casas e às ruas, achamos que seria um costume a valorizar e porventura a incentivar, para que assim se possa evitar o seu desaparecimento.”

http://www.portugal-on-line.com/t471-festa-das-maias



João Ferreira

Porto, 1 de maio de 2011


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Perfil do AutorSeguidores: 73Exibido 1048 vezesFale com o autor