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cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (2) -- 03/05/2011 - 11:38 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (2)

Não me canso de observar no contexto das tradições, seu paradigma. Em cada uma das manifestações humanas, herdadas ou não, há sempre seu correspondente paradigmático. O primeiro grande exemplo, dir-se-ia, é quanto ao modo como as pessoas se dão conta de sua posição no mundo. Até seria exagero expressar desse modo. Mas nos referimos ao seu mundo particular, sua interface em relação ao outro, ao semelhante. Desde jovem inquieta-me o conteúdo da massacrada frase sartreana: o inferno são os outros, qualquer que tenha sido o significado a que o autor se haja referido.
Recentemente, numa loja de rações para cães e gatos, deparei-me com um rapaz a afirmar que o big-bang já havia sido citado na bíblia, quiçá no velho testamento. Tentei argumentar calmamente que, até prova em contrário, a Ciência, como hoje é conhecida e consagrada, tem apenas em torno de quatrocentos anos e não poderia ter sido admitida num texto de quatro milênios atrás. (tradutore, traditori). Desleixo do tradutor?
Ele ficou meio atónito e disse que havia lido aquilo num livro de História. Perguntei-lhe se se tratava de história ou estória. Ele, em princípio, accedeu, mas em seguida contra-atacou, com a ajuda de mais duas mulheres presentes, que uma grande explosão teria sido impossível; como é que esfriou tão rápido a ponto de chegar ao que é hoje?
Não ficou claro para mim, se o trio fazia parte de alguma religião fundamentalista, mas em seguida pude avaliar que eram protestantes, termo que eles detestam, preferindo denominarem-se evangélicos.
A mulher, a tosar um poodle, veio sentar-se perto de mim e até que deitou algum conhecimento científico, talvez oriundo do Fantástico, mas mesmo assim, citando radicais livres e suas consequências para a saúde humana. Tratei-os com a maior cordialidade e distinção, mesmo porque são pessoas supostamente diferenciadas, inclusive porque não falam erradamente o português.
À tona, dada a atualidade, veio a questão da semana santa, a crucificação, a ressurreição e suas resultantes para a condição humana. Tentei explicar que, historicamente, não havia crucificação durante o pessach, a páscoa judaica, logo sendo impossível, senão por algum enxerto histórico, a admissão de que tenha havido um tribunal, uma condenação e uma sentença de morte.
Por mais estranho que pareça ao leitor, o próprio Póncio Pilatos, governador de Roma nessa época, não cita em lugar nenhum da história, que tenha conhecido alguém, um messias, um agitador público, durante seu mandato. Ilustrei por oportuno, que um papa dissera durante um Congresso Eucarístico, em 1955: "A existência de Jesus não concerne à História, mas à fé". Os interlocutores não esboçaram reação, ainda que não sejam católicos, mas luteranos, calvinistas ou quetais.
Mas as tradições desembocam quase sempre em contradições. Haja vista o concílio de Trento em que foi instituído o celibato dos religiosos e religiosas, depois de Constantino, por pura esperteza e medo de perder poder, ter declarado o cristianismo, religião oficial de Roma. Quanto aos símbolos da páscoa, adaptada ao cristianismo, são todos baseados em peixes, ovos, coelhos, círio pascal, girassol, pão e vinho, colomba pascal(espírito santo?),sino, quaresma, óleos santos e outros badulaques, a fim de conciliar uma tradição anterior a outra. Recentemente, outro fato me chamou a atenção e provavelmente à população dita cristã: o desfecho da chacina numa escola no bairro de Realengo, no Rio de Janeiro.
A doutrina cristã deita regras sobre a conduta dos seus seguidores e fala que devemos perdoar nossos inimigos, dar a outra face e entregar o que temos aos pobres, blá, blá, blá.
Entretanto, o leitor deve ter tomado conhecimento: o desgraçado esquizóide, fruto de uma probabilidade genética inevitável, foi enterrado como indigente num cemitério, depois de permanecer por muitos dias no instituto de medicinal legal. Como pano final desse cruel e trágico cenário real, ninguém da família do indigitado, nem sua mãezinha querida, lá compareceram pra enterrar o filho. Como dizia Terêncio: "nada que é humano, me é estranho". O que eu acrescentaria, mas é contraditório em todo seu humano contexto.


WALTER DA SILVA
Camaragibe, 24.04.2011
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