INESQUECíVEL VISITA AO PARQUE PENA AVENTURA
EM RIBEIRA DE PENA, PORTUGAL
João Ferreira
20 de maio de 2011
O António Nova Araujo combinou de me pegar à porta do antigo Instituto Superior de Serviço Social do Porto, perto do Jardim de S. Lázaro. Foi pontualíssimo. Eram dez horas da manhã. Entrei no jipão de alta cilindrada que ele trazia para irmos até Ribeira de Pena. Vinha com uma roupa adequada para enfrentar a montanha. Sabia para onde ia. Tinha ideia perfeita do que era o Park Pena Aventura. Era para lá que me levava. Eu vestia uma calça jeans, uma camisa simples e umas botas. Sabia vagamente que ia para as serras do Alvão, e por isso levei um casacão castanho de couro, por cautela.
Em poucos minutos atravessamos a cidade do Porto e na sequência tomamos a estrada na direção de Guimarães. O convite que o Nova Araújo me fizera era uma gentileza de cavalheiro amigo. Fora meu aluno em 1992-1993 no Instituto Superior de Serviço Social do Porto. Sabendo que eu estava de passagem pelo Porto com data marcada para reembarcar brevemente para Brasília e como já há alguns anos que não nos víamos, Nova Araújo quis fazer-me uma agradável surpresa, levando-me para conhecer um interessante projeto turístico e de diversão em minha terra natal. Havia combinado com o Artur Cardoso, idealizador e um dos gerentes do Parque Pena Aventura, e me convidou para irmos até Ribeira de Pena, exatamente no dia 20 de maio, sexta-feira, para visitar o Parque. A viagem foi rápida e leve pois Nova Araújo aproveitou para me colocar a par das realizações culturais de seu grupo Poesis. De Guimarães, já na auto-estrada A-7, passamos ao lado de Fafe, subimos a serra da Lameira e entramos no clima dos moinhos eólicos, em grande atividade nos pontos altos da serra. É sempre um panorama que nos chama a atenção. Descemos pela Gandarela, atravessamos o Tàmega na altura de Mondim de Basto e seguindo as curvas da auto-estrada e os desenhos abissais dos soberbos viadutos da montanha, começamos a nos aproximar dos contrafortes do Alvão, passando ao lado do bairro de Prados em Agunchos, subimos a serra, com Cerva em baixo e Rio Mau, Limões e Alvadia à vista nas encostas montanhosas e, mais adiante, Alvite e, finalmente, Santa Eulália, onde há uma saída da auto-estrada para Ribeira de Pena. O Nova Araújo que já está familiarizado com a região, contornou o balão rodoviário e meteu por uma estreita estradinha que nos levaria ao Parque Pena Aventura. Fomos dar com um ambiente rústico misturado de paisagem agrícola e mata serrana onde abundam os pinheiros. Eu estava curioso. Queria saber como era esse tal Parque curiosamente plantado em terras concelhias de Ribeira de Pena. Eu já tinha feito uma sondagem pela Internet (www.penaaventura.com.pt). O site informava-me de que se tratava de uma empresa de animação turística aprovada pelo alvará nº 1/2008. Ao entrar no Parque me entusiasmei com a beleza agreste do pinhal e o relevo montanhoso e irregular do terreno. Ao estacionarmos o jipe passamos a contatar com o ambiente florestal e serrano de um clima montanhoso que se mostrava sadio e purificado pelo cheirinho da flor primaveril do pinheiro bravo. Verificava-se ali, à primeira vista, o lado selvagem, primitivo e atraente para quem gosta de montanhismo. Fomos recebidos pelo senhor Artur Cardoso, que nos saudou e acompanhou até ao bar, para nos oferecer uma água mineral e nos expor seus projetos no Pena Aventura. A ele se atribui a idealização do parque. Cavalheiro muito gentil, Artur veste jaqueta branca, calça jeans e tênis. É um jovem empreendedor nascido em Grenoble, França. Luso-francês, filho de um emigrante português em terras gaulesas, aposta firmemente em projetos turísticos ousados dentro das coordenadas mais modernas de preservação ambiental e de amor à natureza . Sua vida atual é a de um projetista empresarial, de um vidente do futuro do Alto Tàmega, onde segundo ele cabem grandíssimos projetos turísticos para aproveitar as potencialidades da região. Partindo do Pena Aventura, em Ribeira de Pena, Artur vê a grandeza serrana se multiplicar, sob as bênçãos da fibra ótica e da nova tecnologia em geral, e numa primeira miragem irá estender suas conquistas de empreendedor ao espaço triangular que vai de Ribeira de Pena a Boticas e Montalegre. Artur não esconde sua animação em torno de projetos grandiosos. Seus olhos têm a profundidade de quem sabe explorar as distàncias adequadas do futuro. Após tomarmos uma água mineral, Artur nos levou a conhecer o mapa animado do Pena Aventura. A conversa começou pelo grande segredo e atração do Pena Aventura: o fantasticable, um cabo de 1538 metros, a uma altura de 150 metros e que liga os lugares de Lamelas e Bustelo à velocidade de cerca de 130 m. O Artur tornou-se nosso interlocutor oficial e em pouco tempo já tínhamos o mapa animado do Parque, que além do cabo fantasticable, oferece canoagem, escalada, percursos aventura, percursos pedestres, minigolf, salto negativo, paintball, bangee trampolins, tiro ao alvo, rafting, e outras atividades animadas. Depois de conhecermos o Projeto em detalhes, Artur e Nova Araújo resolveram me levar até ao alto de Bustelo local da estação de embarque para o fantasticable. Entramos na oficina de equipamentos. Vestimos nossos coletes saiotes e capacete de proteção e lá fomos de jipe até Bustelo. Fizemos tudo naturalmente, com tranquilidade. Já no alto de Bustelo, e equipados, tiramos fotografias sentados e de pé, em grupo, e no embarque, individualmente. O primeiro a voar foi o Nova Araújo, que já conhecia o sistema. Quando vi ele sumir no espaço deslizando pelo cabo em velocidade é que eu me conscientizei da realidade do trajeto. Que bom. Iria pela primeira vez experiemntar a sensação de homem pássaro. Chegou a minha vez. Fui o segundo. Artur e seu auxiliar técnico me ajudaram a me acomodar com segurança na posição horizontal, verificaram o equipamento e me soltaram para o espaço. Lá fui eu, feito pássaro voador, de asas recolhidas, à velocidade de cerca de 130, deslizando montado num cabo fantástico sobre os abismos, controlando a precipitação das imagens visuais, aqui e ali, até chegar à estação de desembarque onde me esperava o Filipe com máquina fotográfica para registrar a chegada e para me ajudar na saída da estação. Por último veio o Artur. A operação foi muito bem sucedida. Conversamos. Voltamos à sala para deixarmos os equipamentos e depois fomos almoçar no restaurante bar onde nos esperava um apetitoso spaghetti alla bolognese. Pela tarde, mediante diligências do Nova Araújo e do Artur fomos à Càmara Municipal de Ribeira de Pena, onde procuramos cumprimentar as autoridades do concelho. Fomos recebidos pelo senhor secretário municipal de cultura Albino Afonso que nos atendeu com a maior elevação e carinho e nos proporcionou uma interessante conversa sobre Ribeira de Pena e seu acervo monumental e cultural. Desta reunião participou também o César Cardoso, irmão do Artur e um dos empresários e diretores do Pena Aventura. Retornei ao Porto no fim da tarde com o Nova Araújo. Ao Artur e Nova Araújo, meus melhores agradecimentos pelo ótimo dia que me proporcionaram. É uma importante lembrança que levo para o Brasil.
João Ferreira
20 de maio de 2011
