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cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (3) -- 26/05/2011 - 10:10 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Tradições, contradições (3)

Há vezes que paro para elucubrar sobre a existência humana. E me passa na fita digital do profundo da mente, experiências como as do sonho. É curioso o estágio letárgico de quando estamos sonhando. À tona vêm os fatos cotidianos, as sensações frustradas e os desejos contidos durante a vigília. Quando sonhamos, se é que o Sigismundo tinha razão, estamos envoltos na bruma da morte, embora vivos cerebralmente.
Nessas elucubrações também me assaltam os acontecimentos futuros, o dito pós-morte.Os monoteísmos acreditam inabaláveis na sobrevivência
da alma depois que o corpo sucumbe. Não conhece a ciência atual, nenhuma evidência que nos conduza a crer nessa idéia, senão pelo viés da fé.
Estou seguro, entretanto, que a tradição familiar nos leva a crer na sobrevivência da alma, por medo do desconhecido, ignorància ou simplesmente para manter uma herança religiosa que, a priori, cultiva consigo tais ingênuas ilações como axiomas sobrenaturais.
Há uma população de semi-céticos que dão de ombros e se recusam a elucubrar sobre o trio: a quê estamos, donde viemos e aonde vamos. Não sei se me incluo nessa categoria. Por convicção não dogmática, insto-me em minha percepção do mundo, a afirmar que não me interessa antes do alfa nem depois do ómega, mas se sim pelo seu processo, pelo durante.
Os gregos, em sua maioria, não criam no porvir. Em seu ceticismo filosófico zombavam das supostas façanhas dos deuses, haja vista seu antropomorfismo iminente. E independentemente dessa inquietação, mergulhavam fundo na natureza das coisas, dos seres e do mundo cognitivo.
Não existe base racional para se crer na imortalidade da alma, posto que, como software, ela é parte integrante do hardware e se dissipa com a energia que lhe deu origem.
Um desses gregos iluminados respondeu a um incauto contemporàneo, ao lhe perguntar se tinha medo da morte. Ele, o sábio grego respondeu: "Ora, a morte chegará e me encontrará aqui. Depois que ela passar, já não me lembrarei de nada; então, para que me preocupar com ela?" Comungo dessa assertiva, embora exijo-me dizer que morrer sofrendo não seria nada bom e confortável. A vida é para ser apreciada em seu conjunto e deve ser vivida na certeza de que nos faltará um dia. O consolo é que todos, sem exceção, passarão por isso.
Até hoje não entendo porque os monoteístas ditos espiritualistas kardecistas ou mesmo umbandistas, cultuam o cristianismo e não o budismo. É o budismo - que nem sempre foi uma religião mas uma filosofia avançada ateísta - que creu e ainda crê na reencarnação. O cristianismo ou o islamismo não a cultuam e sim, crêem numa forma de ressurreição, pautados na idéia de que seu líder e messias principal, teria ressuscitado.
Volto ao segundo parágrafo desse texto e repito: isso ocorre apenas pelo viés da fé e não por uma experimentação objetivamente científica.
Finalizando, estranho e estranharei sempre que as pessoas atribuam tudo ao sobrenatural sem se darem conta ou não quererem se dar, daquilo que as rodeiam: o escancarado mundo real e natural.
Por essas e outras é que quando alguém sofre um acidente, corre célere e logicamente ao hospital e não ao pastor de plantão mais próximo.
E mais: quando alguém sabe de um acidente fatal que mata muitas pessoas, jamais diz "graças a Deus", como se a ocorrência não estivesse contida na agenda divina, fruto de sua onipresença tão propalada.
Vai daí me(nos) pergunto: não é mais digesto e confortável curtir na maior o durante, do que o antes e o depois? Espero que algum leitor, caso o haja, reflita sobre esse propósito.
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WALTER DA SILVA
Camaragibe, 26.05.2011
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