Um álbum para ser sugado e degustado até a última gota. Assim é Bare de Annie Lennox. Ao lado de Dave Stewart, seu parceiro, Annie estrelou um dos grandes sucessos dos anos 80, o Eurythmics. A dupla parecia imortal. Tentou dar o último suspiro em 1999. Mas não seguiu em frente.
A diva está de volta em carreira solo com um CD arrebatador. Aos 39 anos investe todos os cartuchos e os de sua gravadora neste projeto que já parece ter emplacado. Uma nova fase parece estar sendo iniciada levando a crer que o rótulo musa pop renascerá. Em show em Nova York, antes do lançamento do álbum, a acolhida do público e da crítica não poderiam ter sido melhores.
As fontes de inspiração para as composições de Bare não são as mais alegres. Recém separada do produtor de cinema Uri Fruchtmann, com quem foi casada por dez anos, a dor a fez voltar a compor. Um lirismo melancólico domina todas onze faixas sem deprimir, ao contrário, encanta. Sua voz é bela demais. A produção, músicos e arranjos igualmente competentes garantem o restante.
O trabalho para este lançamento foi iniciado em 2001 e contou com a paciência do produtor Stephen Lipson compreendendo o momento difícil e todo o processo de auto-superação.
Silvio Alvarez é assessor de imprensa da banda rock pop YSLAUSS, artista plástico de colagem e colunista.