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cronicas-->O Poder da Leitura -- 20/02/2000 - 00:14 (Pedro Carlos de Mello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Notícia dos jornais de hoje. O milionário americano Rick Rockwell escolheu sua mulher na TV. Foi feito um concurso em dezembro entre mulheres dispostas a se casar com um milionário (não identificado, na ocasião). Cinco minutos após a escolha, o casamento foi realizado diante de milhares de telespectadores. A eleita foi Darva Conger. Ela disse que, se ganhasse o concurso, passaria muito tempo sentada com seu marido lendo livros.

Sabemos do poder da leitura. Ouvimos de Monteiro Lobato que os livros transformam as pessoas e que as pessoas transformam o mundo. Montesquieu disse que não há desgosto que resista a meia hora de leitura. Gustave Flaubert foi sintético: Ler para viver. Com todo esse poder que a leitura tem, acredito que também conseguirá segurar um casamento.

Imaginemos os dois, na biblioteca. Rick está sentado no seu sofá predileto e Darva no outro (ela ainda não tem sofá predileto). Rick está lendo "A história do Dinheiro" (como se já não soubesse de cor e salteado), de Jack Weatherford. Darva está lendo "Contos de Amor e Morte" (duas coisas que estão ainda por acontecer em sua vida - necessariamente nessa ordem, caso confirmado o poder da leitura), de Arthur Schnitzler. Eles estão lendo silenciosamente. Nesse caso, o casamento não corre perigo, pois cada um lê o que quer e nenhum incomoda o outro. É o poder da leitura.

Continuemos imaginando. No dia seguinte, novamente estão na biblioteca. Rick lê "Os Ensaios", de Montaigne. Mais especificamente, está lendo o ensaio que trata "Da companhia dos homens, das mulheres e dos livros". Diz ele:

-- Darva (ele ainda não se acostumou a chamá-la de "querida"), veja só que passagem interessante neste ensaio de Montaigne:

"Acrescentarei a propósito que nunca nossas palavras deixaram de persuadir as mulheres, pois não há nenhuma, por feia que seja, que não se julgue com algum mérito, ou por causa da idade, ou dos cabelos ou de seus ademanes. Na realidade, feias totalmente não existem, nem tampouco totalmente formosas. As jovens bràmanes, quando carecem de outros encantos, são convocadas por pregão a exibirem publicamente suas partes genitais a fim de que se verifique se, ao menos por isso, merecem um marido".

-- Que fato curioso, disse Darva (que estava lendo um livro sobre o Chile). E continuou:

-- Cada sociedade tinha ou tem os seus costumes e suas características. Ouça:

"Em Santiago do Chile, fui tomar um café e o local parecia saído de um filme: ao longo de um balcão de mármore, distribuído pelo amplo espaço, o café era servido por uma moça com saltos altíssimos e uma saia curtinha, sempre deixando cair algo no chão e abaixando para pegá-lo - acompanhada pelos presentes em toda sua movimentação. É o famoso "café de piernas"".

-- Muito interessante, disse Rick. Precisamos incluir o Chile em nossa programação de viagens.

Ambos riram. E continuaram lendo um para o outro os trechos interessantes que encontravam. Nesse caso, o casamento está seguro. Ambos trocam idéias, lêem carinhosamente um para o outro, se completam. É o poder da leitura.

Sejamos um pouco mais ousados e continuemos imaginando. Lá estão eles novamente, no dia seguinte, na biblioteca. Rick está absorto na leitura dos jornais do dia, pois não tivera tempo de ler pela manhã. Darva, curiosa, tomou em suas mãos, o livro "Justine", por Crepax, segundo D. A. F. de Sade (em quadrinhos). Ela chamou Rick para lerem juntos. Enquanto olhavam as magníficas ilustrações de um dos monstros sagrados da H. Q. italiana e liam os devaneios eróticos do Marquês de Sade, eles sentiram a sua sensualidade aflorar. Darva resolveu surpreender Rick e despiu-se da cintura para baixo. Fizeram amor loucamente. Nesse caso, o casamento está seguro. Leram juntos. É o entrosamento total. É o poder da leitura.

Bem, vimos que a moça pode ter razão em querer passar muito tempo sentada com seu marido lendo livros. Se souberem usar o poder da leitura..., o casamento estará ao abrigo das intempéries.
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