Um dia, estando em Paris, liguei o rádio e ouvi o seguinte diálogo, que se passou através do telefone entre o locutor e duas ouvintes.
_ Bom dia! A senhora tem passado bem?
_ Bom dia! Muito bem, obrigada.
_ Aguarde um minutinho, por favor.
_ Pois não.
O locutor, então, falou com a outra ouvinte.
_ Bom dia! Como vai a senhora?
_ Bom dia! Muito bem, obrigada.
_ Aguarde um instante, vou colocá-la em contato com a mãe da moça.
_ Esta é a mãe da moça.
_ Muito prazer.
_ Esta é a mãe do rapaz.
_ Muito prazer.
Agora só as duas mulheres.
_ Por que a senhora está pensando em casar sua filha?
_ Porque quero ser vovó. E a senhora, por que quer casar seu filho?
_ Porque também quero ter netinhos. Como é ela? Bonita?
_ Ah! É linda! A senhora nem pode imaginar.
_ Que bom. Meu filho é tão bonito... ele não pode se casar com qualquer uma.
_ De que cor é ele?
_ Marron, mas não desse marron comum. É bem brilhante.
_ Não pode ser mais brilhante do que ela! Ela é cinzenta.
_ Cinzenta?! Por que a senhora não me disse antes? Cinzenta eu não quero!
_ Mas cinza é tão bonito...
_ É nada, marron é mais bonito!
_ Ninguém pode ser mais bonito que minha filha. Ela é lisa e charmosa! Aposto que seu filho não é liso.
_ Não é mesmo! Ele é crespo, é muito mais chique ser crespo! Imagine, cinzenta e lisa... Ah!
_ Cinzenta e lisa, sim senhora! Charmosa, uma beleza! Já vi que seu filho não serve para ela.
_ É ela que não serve para ele! Nem vou mais perder tempo com essa cadela.
_ Cadela é a vovozinha, ouviu?
