Vejo-me a olhar minha parva face
Olho no olho, face na face
A contemplar um desgraçado
Sou eu?
Essa figura patética?
É meu esse rosto sombrio
E enegrecido e disforme?
Conquanto não quero, ele é meu!
Imploro-te, eructa-me
E esmaga-me
Pedaço por pedaço, sangue por sangue
Té nada restar
Nem alma, corpo, mente
Chuta esse cachorra faminto
Esfomeado e raquítico
Quebra-me
Osso por osso, membro por membro
Minhas lágrimas refletem minha alma:
Pusilânime, biltre, vil, gentio
Sou doce como o Anjo da Luz
Alegre como Plutão dos Infernos
Triste como o Sarcasmo sarcástico
Nobre como a Discórdia discordante
Belo como Vulcano coxo
Tímido como Mercúrio eloqüente
Pacifico como Marte guerra
Confiável como Cúpido apaixonado
Quero matar a desgraça
Mas ela me ama
Quero autossuicidar-me a mim mesmo
Mas já me estou morto
(12/10/2001)
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