Todos os extraterrestres são longilíneos e cabeçudos. Fora isso, é viagem. Dos filmes de Spielberg à Varginha, só encontramos magrinhos e cabeçudos seres de outro planeta. Estes seres são mais inteligentes do que nós somente pelo fato de terem chegado até aqui antes que nós pudéssemos chegar até lá. Até onde fomos, hoje, não encontramos viv´alma. Mas se ele está aqui, mesmo feio e de cabeça grande, é porque chegou a conclusões maiores do que nós até hoje.
Estes seres são o sonho do ser humano. Quando atingeremos tais níveis? Quando cairão nossos padrões de beleza física para aumentarmos nossa beleza intelectual? O prazer está no cérebro e não deve ser difícil trocar nosso programa de `Gisele Bundchen´ para um `chupacabras´, só para dar um exemplo. E aí poderemos deixar de nos preocupar com o corpo escultural, pois com o cérebro desenvolvido saberemos como ter uma saúde de ferro, talvez literalmente, sem ter a necessidade de sermos submetidos a esquisitos aparelhos, como aquele que imita uma bicicleta, mas não sai do lugar. Veja o ridículo: alguém pedalando, pedalando, pedalando, suando em bicas, gastando um bruta energia para nada, só porque ainda não se descobriu outra maneira de estarmos bem de saúde. Isso vai acabar! Vejam nossos amigos franzinos e de cabeça grande: andam por aí, viajando pelo espaço como quem anda de ónibus. Soube até que organizam excursões e que nosso planeta está, para eles, como São Paulo para os pacotes turísticos estrangeiros. É um planeta sem graça e só passam por aqui quando estão de passagem e com tempo sobrando. Ver o quê, aqui? Os homens explodindo uns aos outros? Água pra todo lado? Gente andando sobre umas rodinhas que chamam de `automóveis´, mas são obrigados a ficar sentados gastando total atenção durante horas para fazerem o ridículo percurso do daqui-ali? Há muita estrela por aí para quererem gastar seu eterno tempo de vida, que mesmo assim é insuficiente, pousando num planeta que ainda tem nome de ser inanimado.
Pode rir, fique à vontade. São feios, não causam nenhuma espécie de tesão (dão a impressão de nem terem sexo), mas têm um cabeção! Imagine as outras formas de prazer que eles têm e nós desconhecemos! Sei que não dá curiosidade, mas é porque pensamos bem diferente. Com o genoma, por exemplo, a primeira coisa que vem à nossa cabeça curta é que poderemos decidir que nossos filhos serão os mais belos do mundo! Que a feiúra terminará! Uns com medo disso, outros defendendo, mas até agora não vi um cidadão sequer comentar que poderemos desenvolver nosso cérebro, criar novas formas de prazer, conquistar novas dimensões e novos mundos e deixar, finalmente, de lado as mesquinhas preocupações com a beleza da superfície que envelhece. Pensam em maneiras de não envelhecer e estão pouco se importando que isso, talvez, seja um risco: o cérebro pode não envelhecer junto e atrofiar-se.
Por que ficar belo? Há muitas coisas maiores que a beleza em jogo. Inteligentes são nossos longilíneos e cabeçudos amigos de outros mundos, que têm grandes olhos para melhor absorver tão rico universo. Comunicam-se olhando. Não precisam de palavras, pois são de uma transparência sincera que causa inveja em todos nós, sempre cheios de mentirinhas idiotas e esconderijos desnecessários. Eu, por exemplo, gosto de tirar meleca do nariz porque me livro de um empecilho, de algo que me incomoda - e isso dá prazer. Mas tenho que fingir que não o faço. Para todos os efeitos, parei depois de crescido. Para acabar com isso tiraram seus narizes e implantaram sistemas internos e deliciosos de limpeza nasal. Eis aí um daqueles prazeres que só eles têm e que é desconhecido por nós.
A despeito do `politicamente correto´ deles - uma maneira de nos fazer raciocinar por padrões - vou fazendo minha parte. Feio já sou. Um pouco cabeçudo, talvez. Pelo menos no sentido figurado eu garanto, pode perguntar para minha mulher. Já longilíneo ainda falta muito e não sei como fazer isso sem ficar pedalando naquela ridícula bicicleta sem rodas, incapaz de sair do seu mundinho de academia. Ainda serei um deles!
FAUTH é feio, cabeçudo de idéias e longe-líneo, isto é, precisa emagrecer para atingir seu objetivo: entrar numa garrafa e se transformar em gênio.
