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Artigos-->Os deuses devem estar loucos -- 21/07/2003 - 10:52 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Na sua origem, a palavra religião (do latim religio, -onis) referia-se, segundo alguns autores, à retomada da ligação dos homens com os deuses (religare). O sentido de ligação é notável também em outras palavras portuguesas, como correligionário — aquele que está ligado a outras pessoas pelos mesmos princípios ou objetivos.

Se alguns deuses são referência de amor e solidariedade, outros o são de guerra, vingança, punição. A ligação com os deuses é com freqüência pretexto para justificar ações contra grupos, sociedade, classes diferentes.

Os adeptos de determinados deuses ou crenças unem-se, tornam-se correligionários da propagação de sua fé. Não raro (a bem da verdade, quase sempre), passam a hostilizar os seguidores de outras divindades. No Ocidente, faz história os enfrentamentos de politeístas contra cristãos, cristãos contra politeístas, cristãos contra judeus, judeus contra islâmicos - sem falar nas subdivisões dentre seguidores de uma única divindade (católicos contra protestantes, sunitas contra maronitas, maronitas contra xiítas etc) e crentes contra ateus.

Redigida ainda sob o impacto das crueldades cometidas contra judeus, em especial no período entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela ONU em 1948, no seu artigo 18, reza: "Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos".

No dia 16 de julho, Imam Samudra, um dos acusados pelo atentado de 12 de outubro de 2002 contra um clube noturno em Bali, na Indonésia (atentado que causou a morte de 202 pessoas), disse que o ataque foi justificável segundo as leis do Islã, porque vingou os assassinatos de muçulmanos inocentes por parte dos EUA e de seus aliados.

A ação tresloucada pode ser atribuída à orientação de organizações de fanáticos fundamentalistas. Mas a política belicista do presidente dos Estados Unidos, George Walker Bush, se reveste também de cruzada religiosa contra o "eixo do mal" (formado, segundo o pronunciamento de Bush logo após os atentados de 11 de setembro de 2001 em Nova Iorque e Washington, por Iraque, Irã e Coréia do Norte — nenhum dos quais é "país cristão"). E, neste caso, trata-se da política de um Estado — e que Estado! os EUA são o país belicamente mais poderoso da história da humanidade.

Há interesses poderosos por trás de superstições e crendices que se espraiam pelo mundo, muitas das quais manipuladas por interesses econômicos e outros sem ligação alguma com deuses ou relações metafísicas. O agravante é que essas seitas, baseadas em convicções profundas, sem justificativas racionais, não se destroem ao serem explicadas. Elas correspondem a interesses, sentimentos e emoções enraizados na sociedade. O que não significa que sejam eternas.

Os humanos continuam a se digladiar. Por interesses vários — alguns, inconfessáveis. E os deuses continuam a ser responsabilizados. Se já não estão, devem estar ficando loucos...

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