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cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (12) -- 29/02/2012 - 14:22 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (12)
Exigem de mim que eu mude, mudar é fundamental e não se pode ser pétreo, senão durante um curto tempo. Aceito essa exigência às vezes contrito e outras vezes meio renitente. Queira-se ou não, a mudança é inevitável. O antigo grego HERÁCLITO, num lance de rara inteligência, dizia que tudo muda a todo momento. Um rio não é o mesmo daqui a alguns segundos, pois que novas águas se lhe ocuparão o leito.
Todavia, há que se salientar, a maioria do ser humano quer mesmo, no fundo, que os outros aceitem suas crenças, seus valores e seu modo de ver o mundo. Algo como a aceitação de retorno do pensamento único, tão combatido recentemente pela filosofia político-moral. Assisto com ceticismo e desdém a um pequeno e barulhento grupo no Congresso nacional, tentando impor regras à ciência, fingindo que não sabe da laicização do Estado, conforme estatuído na constituição federal de 1988.
E trata-se obviamente da tal bancada (cambada para alguns) evangélica que tenta se imiscuir no ramo da psicologia, ao querer transformar em lei, um direito pessoal e inalienável, de um homossexual aceitar mudar de orientação, buscando na psicanálise, uma "cura" definitiva para sua "enfermidade" ao preferir parceiro (ou parceira) do mesmo sexo. Ela, a bancada, no mais das vezes, encontra guarida na interpretação do texto dito sagrado, ora no novo testamento ora no Pentateuco. Pessoalmente, creio que uma lei natural não pode ser mudada da noite para o dia, principalmente quando revestida de certas características humanas, cujo estudo tem sido exaustivamente aprofundado, desde os tempos de Freud ou Jung.
Ademais, se um pequeno grupo parlamentar acredita que as soluções são pontualmente especificadas, desconhece por pura ignorància que o todo é maior do que a soma de suas partes. Exluindo-se o fato de que os textos ditos sagrados, são contraditórios por razões óbvias - isso se se aceita a tese heraclitiana, da mudança inevitável - qualquer tentativa de adaptá-los ao mundo atual, será uma forma inócua de enxugar gelo.
Assim fosse, a sociedade de hoje seria regulada literalmente pela doutrinação bíblica, o que não é verdade, porque não é trivial se encontrar alguém de sã consciência, que dê a face esquerda caso lhe golpeiem a direita. Muito menos se alguém, ao querer desembarcar no reino dos céus, haja que doar antes, todo seu património aos pobres.
Exceto se o ínclito leitor julgar a assertiva bíblica, uma mera metáfora ou querigma. O exemplo mais simples e corriqueiro que ousei localizar está no capítulo 10 versículo 34, do velho coletor de impostos, Mateus, um dos quatro cavalheiros do novo testamento.
Ele repete as palavras do seu líder, "Não cuideis que vim trazer a paz. Não vim trazer a paz, mas a espada".
Curiosa essa frase. Se bem a entendemos, parece que ela se contradiz com outra na qual a grande maioria dos protestantes se inspira e costuma se cumprimentar entre si:"a paz do Senhor"! Não se encontra, pois, nenhuma lógica no fato de os protestantes parlamentares, com muito mais tarefas a executar, quererem impor regras ultrapassadas da idade do bronze, por mero capricho catequizador ao mundo contemporàneo, já tão confuso, difuso e obtuso. Vale a pena ressaltar que, salvo equívoco, as coisas já estavam todas aí, quando surgiu o homem. Seu papel, como espécie sapiens, foi descobri-las e lhes dar nome, ao criar a taxionomia.
Mais resistência haja, mais mudança se entranhará nas coisas, nos conceitos, nos costumes e no interior do ser humano. Para apascentar os ànimos, cumpre citar o Eclesiastes: "quem aumenta seu conhecimento aumenta sua dor". No fundo, paradoxalmente, parece que mudamos apenas para continuar os mesmos.
A comentar também reside o fenómeno de se fechar a porta depois que o ladrão já saiu e subtraiu tudo. No Brasil, ou talvez em algumas republiquetas de somenos, o erro nem sempre está contido no sistema, conforme prescreve a teoria geral dos sistemas.
O prejuízo não é de todo calculado e, quando se revela, acorrem os gerentes de plantão, absortos na ideia de "mudar" a recorrência do fenómeno, ao invés de investigarem causas. A mudança não comporta maniqueísmos, ela independe deles. Embora subsista a mania de se dizer que fulano mudou pra pior, essa é outra etapa, a de qualificação da mudança.
Do primeiro parágrafo até este ponto, tudo ocorreu tão rápido que não me lembro mais no que mudei eu, o método na exploração do tema, ou a paisagem lá fora, regida pela cantoria da passarada.
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WALTER DA SILVA
Camaragibe,29.02.2012
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