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Cronicas-->Governo? Mas... que governo? -- 15/03/2012 - 09:40 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Governo? Que governo?

12 de março de 2012 | 3h 05

MARCO ANTONIO VILLA - O Estado de S.Paulo

O rei está nu. Na verdade, é a rainha que está nua.
Ninguém, em sã consciência, pode dizer que o governo Dilma Rousseff
vai bem. A divulgação da taxa de crescimento do País no ano passado -
2,7% - foi uma espécie de pá de cal. O resultado foi péssimo, basta
comparar com os países da América Latina. Nem se fala se confrontarmos
com a China ou a Índia. Mas a política de comunicação do governo é tão
eficaz (além da abulia oposicionista) que a taxa foi recebida com
absoluta naturalidade, como se fosse um excelente resultado, algo
digno de fazer parte dos manuais de desenvolvimento econômico. O
ministro da Fazenda, Guido Mantega, sempre esforçado, desta vez passou
ao largo de tentar dar alguma explicação. Preferiu ignorar o fracasso,
mesmo tendo, durante todo o ano de 2011, dito e redito que o Brasil
cresceria 4%.
A presidente esgotou a troca de figurinos. Como uma atriz que tem de
representar vários papéis, não tem mais o que vestir de novo. Agora
optou pelo monólogo. Fala, fala e nada acontece. Padece do vício
petista de que a palavra substitui a ação. Imputa sua incompetência
aos outros, desde ministros até as empresas contratadas para as obras
do governo. Como uma atriz iniciante após um breve curso no Actors
Studio, busca vivenciar o sofrimento de um governo inepto, marcado
pelo fisiologismo.
Seu Ministério lembra, em alguns bons momentos, uma trupe de
comediantes. O sempre presente Celso Amorim - que ignorou as péssimas
condições de trabalho dos cientistas na Antártida, numa estação
científica sucateada - declarou enfaticamente que a perda de anos de
trabalho científico deve ser relativizada. De acordo com o atual
titular da Defesa, os cientistas mantêm na memória as pesquisas que
foram destruídas no incêndio (o que diria o Barão se ouvisse isso?).
Como numa olimpíada do nonsense, Aloizio Mercadante, do Ministério da
Educação (MEC), dias atrás reclamou que o Brasil é muito grande. Será
que não sabe - quem foi seu professor de Geografia? - que o nosso país
tem alguns milhões de quilômetros quadrados? Como o governo petista
tem a mania de criar ministérios, na hora pensei que estava propondo
criar um MEC para cada região do País. Será? Ao menos poderia ampliar
ainda mais a base no Congresso Nacional.
Mas o triste espetáculo, infelizmente, não parou.
A ministra Maria do Rosário, dos Direitos Humanos, resolveu dissertar
sobre política externa. Disse como o Brasil deveria agir no Oriente
Médio, comentou a ação da ONU, esquecendo-se de que não é a
responsável pela pasta das Relações Exteriores.
O repertório ministerial é muito variado.
 Até parece que cada ministro deseja ardentemente superar seus
colegas. A última (daquela mesma semana, é claro) foi a substituição
do ministro da Pesca. A existência do ministério já é uma piada. Todos
se devem lembrar do momento da transmissão do cargo, em junho do ano
passado, quando a então ministra Ideli Salvatti pediu ao seu sucessor
na Pesca, Luiz Sérgio, que "cuidasse muito bem" dos seus "peixinhos",
como se fosse uma questão de aquário. Pobre Luiz Sérgio. Mas, como
tudo tem seu lado positivo, ele já faz parte da história política do
Brasil, o que não é pouco. Conseguiu um feito raro, na verdade, único
em mais de 120 anos de República: foi demitido de dois cargos
ministeriais, do mesmo governo, e em apenas oito meses. Já Marcelo
Crivella, o novo titular, declarou que não entende nada de pesca. Foi
sincero. Mas Edison Lobão entende alguma coisa de minas e energia? E
Míriam Belchior tem alguma leve ideia do que seja planejamento?


Como numa chanchada da Atlântida, seguem as obras da Copa do Mundo de
2014. Todas estão atrasadas. As referentes à infraestrutura nem sequer
foram licitadas. Dá até a impressão de que o evento só vai ser
realizado em 2018. A tranquilidade governamental inquieta. É só
incompetência? Ou é também uma estratégia para, na última hora,
facilitar os sobrepreços, numa espécie de corrupção patriótica?
Recordando que em 2014 teremos eleições e as "doações" são sempre
bem-vindas...
Não há setor do governo que seja possível dizer, com honestidade, que
vai bem. A gestão é marcada pelo improviso, pela falta de
planejamento. Inexiste um fio condutor, um projeto econômico. Tudo é
feito meio a esmo, como o orçamento nacional, que foi revisto um mês
após ter sido posto em vigência. Inacreditável! É muito difícil
encontrar um país com um produto interno bruto (PIB) como o do Brasil
e que tenha um orçamento de fantasia, que só vale em janeiro.
Como sempre, o privilégio é dado à política - e política no pior
sentido do termo. Basta citar a substituição do ministro da Pesca. Foi
feita alguma avaliação da administração do ministro que foi
defenestrado? Evidente que não. A troca teve motivo comezinho: a
necessidade que o candidato do PT tem de ampliar apoio para a eleição
paulistana, tendo em vista a alteração do panorama político com a
entrada de José Serra (PSDB) na disputa municipal. E, registre-se, não
deve ser a única mudança com esse mesmo objetivo. Ou seja, o governo
nada mais é do que a correia de transmissão do partido, seguindo a
velha cartilha leninista. Pouco importam bons resultados
administrativos, uma equipe ministerial entrosada. Bobagem. Tudo está
sempre dependente das necessidades políticas do PT.
A anarquia administrativa chegou aos bancos e às empresas estatais. É
como se o patrimônio público fosse apenas instrumento para o PT
saquear o Estado e se perpetuar no poder. O que vem acontecendo no
Banco do Brasil seria, num país sério, caso de comissão parlamentar de
inquérito (CPI). Aqui é visto como uma disputa de espaço no governo,
considerado natural.
Mas até os partidos da base estão insatisfeitos. No horizonte a crise
se avizinha. A economia não está mais sustentando o presidencialismo
de transação. Dá sinais de esgotamento. E a rainha foi, desesperada,
em busca dos conselhos do rei. Será que o encanto terminou?

*HISTORIADOR, É PROFESSOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS (UFSCAR).

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