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cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (15) -- 06/04/2012 - 10:12 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (15)
Chico Anísio e Millór Fernandes. A morte esteve de mau-humor. Ambos multifacetados e notoriamente criativos. "A morte é algo que a gente deve deixar sempre pra depois", já dissera o segundo, em seu delicioso e criativíssimo "MILLÓR DEFINITIVO".
É uma coletànea de mais de cinco mil frases, em ordem alfabética, compilada e publicada em 2007. Fiz da obra minha diuturna leitura de metró, ónibus e locais públicos que frequento, quando não estou falando sobre as filosofias circundantes e sua extensa obra.
Quanto a Chico, quase o conheci pessoalmente faz alguns anos, em Jaboatão dos Guararapes, na zona sul da cidade do Recife. Tratava-se de um primo carnal dele, cuja pequena escultura entalhada em madeira, ainda mantenho sobre minha arca na sala de estar. O autor, um comunista escolado e elemento dos tempos da resistência, fez questão que eu esperasse pra conhecer o talvez maior multimedia man do rádio e da televisão.
Mas não deu. Chico iria demorar pois atrasara um voo que reservara e eu, não sei ainda porquê, me evadi burramente. Ximenes, o artista e primo legítimo, me argumentara que iria perder uma grande oportunidade de interlocutar uma boa conversa. Tenho certeza que sim.
Já Millór, não tive cara-de-pau suficiente pra puxar um papo, qualquer que fosse. Foi durante a estreia do espetáculo "É" de sua autoria e que fizera um grande sucesso no sudeste do país. Ele estava sentado na primeira fileira e, ao que parece, não teria gostado da interpretação do ator principal, um conhecido galã canastrão pernambucano, de quem não citarei o nome.
Ao lado de Bernard Shaw, Millór representa para nós republicanos bananais, a grande figura do livre pensamento e da filosofia mundana. Tanto quanto Shaw, Millór carregara consigo toda uma weltanschauung, uma visão do mundo ao seu tempo, encravado em latino-américa, neste país de Demóstenes vestais e sem-vergonhas. Ele representara também o mago produtivo da irreverência e completa independência no pensar.
Sob sua influência, desde os tempos do Pif-paf, no Cruzeiro - à qual ele apelidara certo dia de revista impressa em cocó - eu me mantive fiel na leitura, na reflexão e um pouco também indireta e modestissimamente um discípulo distante neste Nordeste de coronéis disfarçados de Antonios Conselheiros.
Ainda guardei durante um bom tempo, a célebre coleção do PASQUIM, um jornaleco anarquista deliciosamente escrito sob o regime ditatorial dos gorilas dos anos sessenta e setenta. Como era eficaz e recalcitrante ler aquela plêiade de alcoolistas criativos sem pejo ou temor.
Por quê falei mais de Millór. Perguntar-se-á o leitor mais atento. Não descarto nem descartarei jamais a figura de Chico. Ressalto, segundo notícias vindas de algum passarinho amigo, que ele sofrera na carne o escanteamento crucial imposto pela terrível e poderosa rede plim-plim. De fora, parece tudo correr às mil, mas não constitui necessariamente verdade. Francisco Anísio, como um Chaplin tupiniquim, talvez tenha ido além daquele, com o beneplácito de ter sido ajudado pela tecnologia da mídia televisada e a maravilhosa ajuda da fibra ótica, do transistor e do chip, aparatos aos quais o velho Chaplin não tivera acesso. Ademais, Chico introduziu muita gente no humor, incluindo alguns filhos de diversos úteros. Ambos, indistintamente, farão falta, mormente nas horas em que estivermos tristes e impotentes.
Recomendo ao leitor a aquisição do livreto de bolso já citado, do Millór (L&PM POCKET) e os livros escritos pelo Chico que, se não fizerem um grande bem ao fígado, ao menos poderão ajudar as viúvas com os direitos autorais a pagar suas contas doravante.

WALTER DA SILVA
Vila Velha-ES, 06.04.2012
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