Muito bem, já que o negócio aqui é marketing pessoal-literário, cá estou, diretamente dos Alpes alemães, rediviva,psicografada,fantasma de minha própria sombra,ainda com a aliança presenteada pelo meu Fuhrer no dedo naquele fatídico 29 de abril de 1945, quando todos os Aliados bebiam champanhe à custa de nosso sofrimento, e a mim coube minhas pequenas cápsulas de cianureto, pura ambrosia! Minha jornada com Adolf foi terrível, confesso, só o diabo sabe o que fazíamos nos corredores do Bundestag. Nas longas noites de ausência do meu amado, ficava eu só, com meus banhos de leite de cabra e a companhia silenciosa de nosso caõzinho
pastor, Blondi. Em meus lençóis de seda ouvia o ronco das divisões panzer e dos stukas, música aos meus ouvidos. Meu coração de Valquíria se deleitava. No meu rádio de cabeceira os gritos ensurdeciam meus ouvidos EIN FUHRER, EIN VOLK, EIN DEUTSCHLAND. Eu já estava de saco cheio daquela merda toda. Aquele mar de sangue fétido. Aquelas noites solitárias sem os cochichos do meu amado "Fraulein Braun, meu docinho da floresta negra". Estava cansada das operetas, dos fins de semana em Munique, no hotel Vier Jahreszestein, onde Adolf se ocupava de seu pincel inútil, me confundindo com o povo da Germânia. "Fui transformada em bovino como todos os outros", palavras do meu diário. Não posso nem me lembrar dos últimos dias no bunker, quando aquele cabo idiota, por acaso o meu amado, passava suas horas lendo a História de Frederico o Grande, de Carlyle, só ouvindo os conselhos de Goebbels, quanto ciúme eu sentia...Quando finalmente ele resolveu engolir a porra do cianureto(não foi tiro não, ele morria de medo de estourar os miolos), ainda ouvi suas últimas palavras "O sangue do mundo é meu destino", e meu coração se encheu de dor, e alívio. Mas alguma coisa me dizia q eu iria reencontrá-lo, só não sabia que seria AQUI! Nesta USINA DE LETRAS! Onde estás, meu amor?Fazendo das suas peraltices, heim? Enchendo o saco dos outros ainda, amor? Você agora quer ser aceito no mundo das letras, uma vez que foi um fracasso nas artes plásticas? Acorda, Alice! Aqui todo mundo quer se promover mesmo. 15 minutos de fama para combater 15 séculos de ostracismo. Deixe o povo escrever estas baboseiras, assim eles se iludem de que este é um país democrático. ah ah ah, se minhas palavras fossem balas eu acabaria com este tal de fernando henrique, que piada. bom, chega de política. Vou ouvir minha ultima opereta, até breve,
Eva |
