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Cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (18) -- 01/05/2012 - 07:45 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (18)
"O capitalismo gera seu próprio coveiro"- Karl Marx


Aproveito o primeiro dia de maio para homenagear o trabalhador. Quando ocorreu uma gigantesca mobilização na cidade de Chicago, Estados Unidos, o autor da frase acima havia morrido fazia três anos.
Uma manifestação pacífica transformara-se num sangrento episódio, conhecido como "revolta de Haymarket". Uma bomba lançada contra policiais, cospe estilhaços de culpa contra um pequeno grupo de manifestantes, sobre os quais não se encontraram provas factuais que os incriminassem. Em represália, a polícia abriu fogo contra a multidão.

(Esse acontecimento emblemático assinala indelevelmente as conquistas que adviriam no Brasil, com o surgimento da CLT e da instituição do salário mínimo nacional, através do governo Getúlio Vargas).

Era 03 de maio de 1886, terceiro dia de greve. Vidas foram ceifadas e prisões efetuadas ao longo dos conflitos, cuja principal motivação consistia na redução da jornada de trabalho, de 13 para 08 horas diárias. "Foi um dia de luta e de luto", nas palavras de Perseu Abramo, jornalista.

Naquela cidade industrial, os operários enfrentaram uma polícia sedenta de vingança, como se não fosse ela própria, vítima da singular mais-valia gerada por um Estado cooptado pelos meios de produção. A polícia sofreu oito baixas.

De repercussão internacional, tais acontecimentos gerariam a necessidade premente de transformação social, inexistentes que eram: aposentadoria, férias, licenças de gestante e repouso semanal remunerado. O celeiro da máfia propiciava as piores condições de trabalho, influenciando a má saúde físico-mental dos trabalhadores.
A máfia, ela própria constituída de criminosos e gàngsteres, ficou encarregada de incendiar os prédios dos sindicatos e as residências dos insurgentes, destruindo seus pertences.

Duas grandes centrais sindicais (AFL e Cavaleiros do Trabalho), comandadas por figuras do movimento grevista, dirigiram a greve geral que resultaria em prisão perpétua e a morte na forca. Claro que a corrupção teve seu lugar de honra nos episódios, na compra de testemunhas e na produção de falsas provas, sob o olhar vendado da justiça burguesa como apanágio do poder económico.

Contraditoriamente, Chicago era o centro industrial de um país em pleno crescimento e hegemonia capitalista, mas era também o abrigo do crime organizado, comandado pela máfia, contrapostos pelo movimento anarquista na América do Norte.

A resistência sindical perdurara até três dias depois, quando a polícia pisoteou e massacrou impiedosamente os manifestantes, a despeito dos pedidos de calma dos líderes do movimento. Eram eles, August Spies, Albert Parsons, George Engel, Adolph Fischer, Sam Fieldem, Oscar Neeb, Michel Shwab e Louis Lingg.

Com o estado de sítio decretado, no dia 21 de junho do mesmo ano, começava e encerrava rápida e implacavelmente o julgamento dos rebeldes. No dia 9 de outubro, a sentença foi prolatada e os quatro primeiros da lista foram condenados à morte na forca, mas um suicidou-se antes da execução. Os demais foram levados à prisão perpétua e apenas um, Oscar Neeb, a quinze anos de prisão.

Nada seria mais justo do que repetir aqui, neste breve alinhavado histórico, as palavras finais de August Spies, em sua defesa:

"Se com o nosso enforcamento vocês pensam em destruir o movimento operário - este movimento de milhões de seres humilhados que sofrem na pobreza e na miséria e esperam a redenção - se é esta sua opinião, enforquem-nos. Aqui terão apagado uma faísca, mas lá e acolá, atrás e na frente de vocês, em todas as partes, as chamas crescerão. É um fogo subterràneo e vocês não poderão apagá-lo."

Alguns anos depois de todo esse aviltante massacre, o Governador de Illinois anistiou os sobreviventes, libertando-os, pressionado pela onda de protestos gerados na opinião pública.
No Congresso da Segunda Internacional Socialista, instalado de 16 a 23 de novembro de 1889 em Paris, foi aprovada uma resolução histórica: resolver transformar o primeiro de maio, em data mundial do trabalhador e num dia de festa e de solidariedade operária ao redor do mundo.

Não somos tolos ou ingênuos, aqui, agora ou no próximo dia do trabalhador, em não reconhecer que se avançou bastante, mas não o suficiente para se querer disfarçar o grito que não cala de modo atemporal: Liberdade, ainda que tardia.
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WALTER DA SILVA
Camaragibe, 1° de maio de 2012

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(consultas: Enciclopédia britànica, Geoffrey Barraclough, Caio Prado Jr.)

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