Um dia desses cheguei em casa com os olhos assados. A radiotividade do computador acabou superando a minha vontade de ler. Ainda assim ataquei um volume com pouco mais de quatrocentas páginas, fragmento da coleção sobre grandes atores e atrizes brasileiras, de autoria de Simon Khoury, num projeto muito bem bolado e apoiado pela Brasil Telecom.
Embora seja uma empresa italiana, constituída graças ao bom coração dos brasileiros, que a venderam barato atendendo aos interesses do FMI, a Brasil Telecom, que agora está vinculada ao grupo Vivo, tem amparado diversos projetos culturais, e este dos livros é um dos que vale.
Comecei lendo Chico Anísio, não por gostar, mas pelo contrário. O texto apenas reforça minha repulsa pelo homem que centenas dizem ser genial. Sem menosprezar sua força de trabalho e capacidade de encontrar um lugar ao sol no meio artístico, um dos mais complicados(quase tanto quanto o setor jornalístico), Chico tem um dos maiores egos do planeta.
Mas o objetivo da leitura era justamente seguir um conselho de uma professora. Não brigar com o autor sem passar os olhos pelo texto, sem conhecer os pensamentos, e acima de tudo, buscar o conhecimento do Chico, um dos homens que teve experiências ricas no setor de comunicação.
Aprendi que a disciplina é importante para a busca do conhecimento, e a leitura de um texto antagônico aos meus princípios ajuda a compreender um pouco mais a história da comunicação brasileira.
O volume tem ainda depoimentos de Tônia Carrero(outro ego gigante), mais um monstro sagrado do teatro brasileiro, além de Ruth de Souza(atriz que nunca tem grandes papéis por ser negra), e o saudoso Armando Bógus(o turco Nacib da novela Gabriela).
Para quem tiver curiosidade a coleção tem depoimentos de Jardel Filho e outros mais, num total de quarenta atores. É uma boa leitura para as férias, estando disponível nas bibliotecas públicas da capital.
Os olhos cansados foram vencidos mais uma vez pela vontade de aprender.