Há um absurdo e surdo abismo
entre a coerência e incoerência
que me faz ir ao centro da Terra
passando pelas profundezas
de mares ou vulcões, cismo
entre fraquezas e franquezas
sentido anti-horário giro, piro
vôo pelos ares, rompo limites
atravesso o universo nesse verso
encontro Capela, estrela mágica
início de uma árvore genealógica
sem lógica, não arrisco palpites
louca, cansada, me deito no cometa
viajo, durmo, não curto a paisagem
acordo entre anéis, Saturno me abriga
não quero briga, novas aragens vislumbro
perdida em mim mesma, espirro
gotas de desejo, que no ar se espalham
soltas ao vento, cantam meu segredo
aos quatro cantos do infinito
ondas se movimentam - água ou ar não sei
correntes sanguíneas, talvez
não há enredo
no rodamoinho, solto meus gritos
perdidos no estrondo do trovão
tudo em vão
faíscas cortam os céus
minha ira em raios se dissipa
exorcizo a mim mesma
limpa, na nascente do rio me lavo
me transformo na sereia
mulher e peixe, rolo na areia
sou eu novamente, entre muitas
me acho no solo, caminho serena
morena, te encontro e novas histórias
se iniciam...
Rosiris
20/10/01
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