A minha verdade
José Geraldo Pimentel
Cap Ref EB
Não estive no ‘Painel 1964 - A Verdade’ patrocinado pelo Clube Militar no dia 29 de março último. Vi a gravação em vídeo. No salão onde se reuniram os convidados, percebi que o espaço não comportava tantas pessoas que por acaso se dispusessem marcar a sua presença. Estava lotado. Umas cem a cento e vinte pessoas. A sua quase totalidade de militares e civis numa faixa etária bem avançada. Jovem apenas o mediador, Ricardo Salles.
Gostaria de fazer um reparo que considero construtivo. As acomodações, cadeiras de plástico sem encosto para os braços, pareceram-me bem desconfortáveis, mais ainda para pessoas de certa idade. Nesse caminho lembro que fiz uma visita recentemente ao clube. Era 14h30min. Encontrei-o praticamente vazio. Havia uns seguranças na entrada principal, voltada para a Cinelândia, e uns dois porteiros controlando o acesso na lateral, que fica na rua Santa Luzia. Caminhei por todos os andares e só vi um jovem cochilando em um banco em um dos corredores à frente dos elevadores.
Qualquer elemento mal intencionado poderia ter entrado no clube e acessar qualquer sala.
Não vi luxo em nenhuma acomodação. Senti que A Casa da República como se intitula o Clube Militar, é uma entidade nem tão contemplada com valores materiais. Só uma locação nobre da sede principal na Cinelândia e a área de recreação na Lagoa Rodrigues de Freitas. Sua riqueza está em seus valores morais. E isso me conforta muito!
Dos palestrantes apreciei o General Luiz Eduardo Rocha Paiva, um profundo conhecedor da temática abordada no painel.
Diante da presença daqueles senhores que deixaram seus lares, na certa com dificuldades, dadas as idades avançadas, mas movidos pelo entusiasmo de ter vivido uma era de afirmação, e contribuído com o sucesso que foi a Contra-revolução de 1964, só pude me curvar diante de tantos homens e mulheres que fizeram história.
Eles estavam alertados da possibilidade da baderna que se formaria no entorno do clube, antes, durante e pós a realização do painel. Mas lá compareceram.
Muitos foram humilhados e agredidos fisicamente. O medo não os abateram e nem os fizeram deixar de comparecer ao evento. Só não entendi a mudança dos nomes dos mediadores, que durante a semana vi mudar três vezes, salvo engano.
Agora quero mais uma vez fazer um alerta. A dita Comissão da Verdade, mais apropriadamente chamada de ‘comissão da calúnia’ pelo general Santa Rosa, teve os sete nomes dos membros que a comporão anunciados solenemente no dia de hoje, 16 de maio, pela presidente da república, senhora Dilma Rousseff. Com a ressalva de um ou dois elementos, todos estão comprometidos com a luta armada dos anos 64/74. As suas declarações falam por si sós. Não será uma comissão que buscará a verdade, mas atuará visando encontrar subsídios para rever a Lei da Anistia e abrir processos contra um dos lados dos contendores da luta armada, - os agentes do estado: militares e policiais civis. O sonho dourado dos comunistas é repetir o panorama que acontece na Argentina e Chile. Militares julgados e condenados até à prisão perpétua.
Eu repetiria o que venho dizendo à bastante tempo: Não se deve atender à chamados para depor nesta comissão, nem com ordens expressas emanadas pelos comandantes militares. Qualquer informação só contribuirá para penalizar o depoente. Essa de querer aparecer, enumerando os crimes dos terroristas e guerrilheiros, é falar no vazio. Á comissão só interessa punir os agentes do estado. Seus crimes foram praticados em nome da liberdade, afirmam. Para eles "os meios justificam os fins!" E ponto final.
Se querem reconstituir a história que busquem informações nos arquivos dos inquéritos instaurados pela Justiça Militar e pelos Dops da Polícia Civil (ou Operação Bandeirantes - Oban, o que seja). Ver elementos fazerem declarações estúpidas como a prestada ao jornal O Globo pelo tenente-coronel reformado Maurício Lopes Lima, depois de sofrer a ofensiva do ‘esculacho’ realizada por um grupo de jovens ativistas à frente de sua residência, é deplorável. O miserável é tão cretino que ainda defende a presidente Dilma Rousseff, dizendo que a conhece bem. Se eu fizesse parte de um júri em que ele estivesse sendo julgado, sem dúvida nenhuma eu contribuiria para a sua condenação à pena máxima. Eu defendo a instituição militar, nunca o elemento que se comporta como um bandido à semelhança dessa corja que comanda atualmente os destinos do país. É bom lembrar que não sou corporativista. Aplaudo quem tem merecimento, e reprovo atitudes covardes como as dos comandantes militares que são tratados como cachorros e se comportam como se os fossem! Felizmente ainda temos um punhado de homens de brio que já começam a mostrar a cara e propugnar por uma reação contra as ofensas gratuitas que são lançadas contras as Forcas Armadas. Reagir é preciso!
Rio de Janeiro, 16 de maio de 2012.
Declaração do General de Exército Leônidas Pires
"É impossível mexer na Lei da Anistia, que foi fruto de um acordo no passado e que já foi chancelada pelo Supremo". "Se quiserem fazer pressão no Supremo, o poder moderador tem de entrar em atuação no País".
Leônidas Pires, ex-ministro do Exército, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo.
Veja mais...
http://www.jgpimentel.com.br/capa.asp#texto03 |