presente para Valentina
de: Mauro Velasco
VER-TE NUA
Não só despir-te, aos poucos,
como a um quadro roubado
que se retira do invólucro com cuidado
para desfrutar da beleza alheia.
Não só tirar-te, peça por peça,
os panos que te ocultam,
como a abrir as parte de uma janela
para desvendar a paisagem cobiçada.
Não só contemplar teus seios gêmeos,
teus ombros, tuas costas,
tuas nádegas, tuas coxas, teu sexo,
como a uma escultura que, embora pertença a outro,
agora é minha, e da qual me aposso,
de modo indevido,
de modo deliciosamente indevido.
Não só ver-te assim, toda nua,
sobre o leito, pernas abertas,
de flor exposta a receber-me.
Mas ver-te ainda mais a fundo,
ainda mais por dentro,
e penetrar não só teu corpo,
mas tua alma, e fazer-te minha,
minha por algumas horas,
e fincar em ti meu mastro
com a bandeira da minha inscrição,
e marcar-te com minhas iniciais,
e deixar em ti meu líquido, e meu cheiro,
e minhas mordidas, e minhas chupadas,
e principalmente
deixar-te com ainda mais fome
para voltares para mim
com muito mais vontade de entregar-te
ainda mais fundo, ainda mais aberta,
ainda mais minha.
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