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cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (23) -- 11/06/2012 - 13:31 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (23)
Tento escrever algo, justo na véspera do dia dos namorados. Cada país tem o seu. Cada par de namorados escolhe sua hora e seu motel preferido. Devo dizer que nem sempre levei a sério certas datas, excetuando-se o dia dos aniversários. De hábito, escrevo um poema e presenteio os meus: filhos, netos, sobrinhos e alguns raros amigos. Sem discriminar, no entanto, a mulher amada.

Como ninguém é perfeito, nem sempre escrevo aquilo do qual os meus sejam merecedores. Às vezes carrego muito na forma e me desleixo do conteúdo ou vice-versa. Levando em conta que até agora, ninguém tenha pedido o dinheiro de volta, tal imaterial prenda deve fazer bem a ambos os egos; ao meu, porque o oferto, e aos presenteados porque se sentem lisonjeados (suponho). A rigor, não conheço ninguém que desconsidere ou se sinta desprivilegiado por receber um poema de presente.

O mais frio e mais resistente dos seres, ainda que pugne cotidianamente por um certo cartesianismo, não rejeita esse fruto literário milenar, responsável por tanta paixão ou até alguma desgraça. Crivem-se Camões ou Shakespeare.

Além do mais, Bertrand Russell, filósofo e matemático galês dos séculos dezenove e vinte, dizia que a matemática é tão importante quanto um poema de Shelley.

Num desses frequentes textos, discorri sobre a origem da data e de seus personagens, a exemplo do que foi dito, quanto ao dia das mães. Nos Estados Unidos, o dia dos namorados ocorre anualmente no dia 14 de cada fevereiro. É quando se comemora o Valentine´s day, ou dia de são Valentino, padroeiro dos namorados e namoradas.

A propósito, a música que mais gosto de cantar em língua inglesa é "My funny Valentine", bela homenagem aos namorados em sua data honorífica.
Ressalte-se por absoluta justiça, que no Brasil, a quiçá mais justa homenagem ao dia dos namorados, foi escrita pelo poetinha Vinícius de Moraes, eternizando-se sob o título "Se você quer ser minha namorada", no auge da bossa nova.

Mas há de se destacar o quase hino da dupla Jobim/Vinícius "Se todos fossem iguais a você", que para alguns rígidos puristas, é uma letra muito óbvia, se se considerar que a amada tem que se diferenciar das demais.
Óbvio entretanto ter que destacar também que o Clube dos diretores lojistas é o que mais deveria sair prestigiado nisso tudo. Não fossem tais datas o estoque de mercadorias ficaria encalhado, o que constitui frequente dor de cabeça para o gestor de compras e almoxarifado. Do ponto-de-vista sócio humanístico, não deve significar maior ou menor sacrifício, adquirir um presentinho simples ou um Rolex de última geração, a depender da conta bancária de um ou de outro amante.

Alguns mais criativos se aproveitam da ocasião, para "amarrar" a dama, anunciando o noivado precocemente, ignorando a pauta de exigências do sisudo par de sogros. Os tempos modernos, todavia, não têm demonstrado toda essa sisudez, mormente quando o namorado estacionar sua reluzente bólide, de algum modelo estrangeiro, em frente ao edifício da namorada.

Desde tempos imemoriais, o presente que mais se destaca numa data como essa, é, salvo engano, o ramalhete de flores. Outro dia na televisão, durante o noticiário, a reportagem enfatizava a importància das flores nas datas do calendário. Era sobre um município chamado Olhambra, no interior de São Paulo e donde escoa a maior parte da produção nacional do PIB floricultor.

Cabe lembrar mais uma vez o cancioneiro popular americano. Trata-se de uma canção dos anos quarenta, chamada "Flowers mean forgiveness", flores significam perdão. Aliás, as flores servem a toda ocasião; quer se comemore a vida, quer se reverencie a morte.

Rara, mais ainda digna de nota é a execução da serenata, ao pé da janela da amada. Dois violões, um cavaquinho ou um violino são suficiente background para um cantor afinado. Se porventura o amável e altruísta leitor não tiver pendores especiais para o bel-canto, não faz mal, contrate um profissional do ramo e poste-se embaixo da janela do quarto de sua namorada e solte a voz.

Não seja incauto, porém, ao querer descartar, que algum irascível futuro sogro não seja possuidor de acurada sensibilidade a ponto de, sem prévio aviso, projetar lá do alto, um balde pleno de algum líquido indesejado, desses que se costumam levar ao laboratório de análises químicas para outra finalidade.
Carpe diem.
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WALTER DA SILVA
Camaragibe-PE,
11 de junho de 2012
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