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cronicas-->A FUNCIONÁRIA PÚBLICA -- 12/06/2012 - 14:00 (Berenaldo Ferreira e Séia Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A FUNCIONÁRIA PÚBLICA

Berenaldo Ferreira



Sempre estava repleta aquela sala!Quase nunca era vista vazia ou com poucas pessoas aguardando serem atendidas. Seus atendentes eram lentos e não se importavam muito com isso pois julgavam estarem fazendo um favor a elas, ainda
porque eram estranhas, anónimas entre si, além do mais não ganhavam pelo número de pessoas que atendiam. Eram pessoas comuns,de idades e níveis profissionais diferentes o que tornava um atendimento resumido, restrito simplesmente no cadastro, no registro ou na atualização de dados pessoais dos dependentes daquele hospital. Assim, eles achavam que aquelas pessoas não precisassem ser atendidas tão urgentemente.
Naquele dia, talvez pelo fato de ser subsequente a um feriado prolongado era possível até mesmo contar o número de pessoas que aguardavam sentadas, contudo pouco a pouco a espera de atendimento ia aumentando enquanto uma das atendentes tomava o seu café com leite e pão amanteigado exalando um convidativo cheiro no ar que se espalhava pelo ambiente. Mas a fila não parava de crescer.
Apreensivas, com seus ares famintos e cansados da tão longa espera, as pessoas se distraíam vendo qualquer programação de televisão que ali fora colocada anteriormente, talvez pelo motivo de fazer com que a espera não parecesse tão angustiante, iludindo-as dessa forma. Enquanto uns a assistiam outros falavam a respeito de suas próprias vidas entre si, na esperança de não sentirem o demorado e duro tempo passar. Nesse momento, procurando por um melhor lugar para sentar-se e assistir à tevê, aquele rapaz _ descontraído, parecendo não se importar com qualquer coisa, usando uma longa camisa xadrez de algodão aberta até a altura da cintura, mostrando
assim seu pelado, liso peito e abraçando com um dos braços seu skate de meio metro de comprimento _ fez com que os olhares mais curiosos e atentos voltassem para ele com insipidez e indignação.
A televisão e a demora para eles agora pareciam não terem mais importància exceto àquela inoportuna figura que, ora intrinsecamente esboçava risos tímidos e espontàneos ao ver a televisão, ora abaixava rápido a cabeça com reflexos ligeiro das mãos,levando-as simultaneamente à sua altura e murmurando inconformado para si qualquer coisa como:
__ Não é possível... Esses caras são demais!
As pessoas olhavam - no com rejeição. O que será que havia com aquele moço?! Enquanto elas estavam ali por motivo sério ele parecia indiferente, esperando por sua vez sem a devida preocupação que a situação requeria!__ Elas tentava compreender aquela situação mas em seus insólitos interiores, sisudas, desabonadas pelo imperdoável dissabor da demora, parecia que quisessem somente serem atendidas para continuar suas vidas normalmente e sair dali o mais rápido possível.
Certamente o que mais as incomodava era o fato de aquele rapaz não conseguir conter seus risos enquanto indiscretamente olhava para um pouco mais à sua direita, onde justamente se encontravam as atendentes.
O que será que havia lá?!O motivo de seus risos não era aquela programação de tevê simplesmente?! Não era o hilário Pica - pau que o tornava tão expansivo?!Realmente em seus pensamentos as dúvidas agora eram demais acentuadas, no entanto mal sabiam que as suas curiosas interrogações estariam prestes a serem
esclarecidas. Foi quando, ao chamarem por seu nome e rapidamente ir em direção à atendente que estava próxima da televisão, todos aqueles sedentos e curiosos olhares dirigiram-se contra ele, como que combinados e ao mesmo tempo, sem
qualquer discrição. Surpreendentemente olhavam não para ele mas para aquela atendente que estava a sua frente pois seu rosto denunciava uma realçada pelota de manteiga amarela próximo ao canto esquerdo de sua boca. A mulher havia comido dois grandes pães recheados com aquele creme de tal forma que nem ao menos se importou em verificar-se, em seguida, se estava pronta para se
apresentar às pessoas de conduta literalmente limpa ou não.
Na verdade, durante o tempo todo aquele rapaz não estava
rindo do Pica-pau mas da cara deslavada, cara-de-pau de uma negligente e ordinária funcionária pública.


17/03/2002
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