TODOS OS CANTARES
Maria José Limeira
Seus olhos-mares,
perdições-cansares,
já não me acariciam
como antes.
Seus olhos-balas,
vozes-falas,
não me pedem mais
bacantes,
terminais...
Ah, olhos-bares,
de todos os cantares,
onde afundei gozos.
Barcos precários.
Amores relicários.
Todos os infinitos.
Seus olhos aflitos
são outros agora.
Vão embora...
Jä não estão junto a mim,
olhos-sem fim,
que guardam mágoas,
dissabores
e todas as dores.
Quantas palavras deságuam
em distâncias,
mapas e ressonâncias,
em que se findam...
Com quantos laços
seus olhos me alcançaram,
em beijos e abraços,
onde me esqueci,
nos quais me perdi.
Olhos-imensidão.
Pontes entre céu
e chão.
Olhos-solidão...
Olhos vagantes.
Vagas luzes distantes.
Estrelas reticentes.
Cometas cegos
e cantos silentes.
Tão longe
do seu olhar,
não posso mais
me encontrar...
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