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Cronicas-->Gênesis -- 29/04/2001 - 10:50 (Fabiano Novais) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Gênesis


No princípio, Deus criou o açúcar e o leite. O açúcar estava sem forma e rios de leite batiam, tempestuosamente, nos cristais açucarados. E Deus separou as trevas da luz. Às trevas chamou chocolate e glacê à luz. E Deus viu que o glacê era bom. E Deus criou o açúcar mascavo para separar o leite do chocolate quente. Foi o terceiro dia. Deus disse: "Que o açúcar produza frutos e dê sabor natural a essa artificialidade toda". E Deus criou o açúcar colorido artificialmente. E viu que o corante era bom. Foi o quinto dia. No sexto dia Deus criou a bala à sua imagem e não tão semelhante assim. O sétimo dia Deus passou descansando no banheiro. Afinal, nem mesmo Deus aguentou tanto doce.
A bala andava feliz pelo jardim do Waifel, o paraíso no Açúcar. Mas em todo o planeta Açúcar não havia com quem a bala conversar de igual para igual. Um papo de bala para bala, você sabe. Então Deus fez com que a bala dormisse e, do seu lado, tirou um fio de açúcar derretido e fez o pirulito, que seria, para todo o sempre, o companheiro da bala. A bala e o pirulito andavam felizes pelo jardim do Waifel, davam nomes aos caramelos e aos chicletes. Mas Deus disse: "Vocês controlarão e darão nome a tudo o que há no jardim do Waifel. Mas não poderão comer da árvore de adoçante dietético".
A Maria mole era o mais astuto e melento dos doces. Ela disse para a bala: "É verdade que Deus disse que vocês não podem comer de nenhuma das árvores do jardim?". A bala respondeu para a Maria Mole: "Nós podemos comer de todos os frutos do jardim, e até rechear os nossos Strudalls. Só não podemos usar da árvore do meio, senão derreteremos". Então a Maria mole disse para a bala: "De modo nenhum vocês derreterão. Mas Deus sabe que, no dia em que comerem o fruto, os olhos de vocês se abrirão e vocês terão o corpo tão esguio quanto o da Carolina Ferraz".
Então a bala, mesmo sem saber direito quem era a tal Carolina Ferraz, comeu do fruto diet: depois o deu ao pirulito que também gostou, mesmo do azedinho final. Então os olhos deles se abriram e viram que não tinham nenhuma capa plástica que os envolvia. Em seguida, eles ouviram Deus passeando no jardim à brisa do glacê semi-derretido. Então a bala se enroscou no primeiro papelzinho escrito Nestlé que viu pela frente, O pirulito tentou, a todo custo, cobrir seu saliente palito, mas não encontrou papel suficiente. Então, já que o que os olhos não vêm o recheio não sente, enroscou o resto do corpo num pedaço de celofane que encontrou. Deus chamou o pirulito e disse: "porque se escondes?". O pirulito respondeu: "Temos vergonha dessas letras em alto relevo tão mal feitas e dessas emendas que ferem o céu da boca". "E porque se enrola todo nesse papel celofane ?" disse Deus. O pirulito respondeu: "A bala, minha companheira, deu-me do saquinho dietético e eu o comi". Deus disse para a bala: "O que foi que você fez?". A bala respondeu: "A Maria mole me enganou, e eu comi".
Então Deus disse para a Maria mole: "Por ter feito isso, você é maldita entre todos os doces. Terás de vagar de escola em escola nos carrinhos dos baleiros, se derretendo ao sol do meio-dia e meia. Serás incrustada de anéis plásticos e bolinhas de borracha. As crianças pisarão em cima de você e sentirão nojo, serás maldita para todo o sempre.".
Deus disse então para a bala: "Tu serás o mais vulgar de todos os doces, serás vendida em botecos de favela em meio à cachaça e à empada sem azeitona. Venderte-ão a dúzia por cinquenta centavos, se muito". E Deus virou-se para o pirulito: "E tu, por dares confiança à bala e desobedecer-me, terás a maldição que, por séculos e séculos, passarás a teus descendentes, Chegarás aos anos tantos de idade que se apaixonará perdidamente pela bala e, a custo de muito melado e flores de sorvete, se unirá a ela para teres várias balinhas e pirulitinhos. Porém, após alguns anos de união, perderás seu saliente palito e engordarás bastante, até tornar-se um preguiçoso e derretido bombom. És tua maldição".
E então Deus expulsou o pirulito do jardim do Waifel, com a bala e a Maria mole em sua companhia. Levou o chocolate para a Suíça e deixou, aqui, o similar nacional, com gosto de açúcar cristal.
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