AMBIGÜIDADE AMOROSA
(Por Germano Correia da Silva)
Um homem procura o distrito policial do seu bairro para se queixar de ameaças que estava sofrendo por parte de sua amada e assim se expressa:
- Seu delegado, há muito tempo eu estou sendo ameaçado pela mulher que amo, a qual alega que eu tenho que sair de casa, mas nós temos um caso em comum a ser resolvido.
O delegado era um daqueles profissionais muito competentes e de temperamento calmo, por isso ouviu pacientemente o relato do queixoso e, sem se sentir convencido do motivo apresentado por ele, finalmente pergunta:
- O que o senhor tem feito para evitar que essa pretensão maléfica saia em definitivo da cabeça da pessoa que você ama?
- Nada, doutor - respondeu ele - na verdade, eu ainda não parei para pensar nisso, e mesmo que eu pensasse em fazer alguma coisa eu não vejo, no momento, nenhuma vantagem em tomar algum partido.
O delegado ficou bastante curioso com a resposta dada pelo queixoso e para tentar elucidar melhor aquela questão, resolveu fazer mais uma pergunta:
- Com base em que elementos o senhor confirma as ameaças de sua amada em relação a esse caso?
O homem coçou o cavanhaque, meio desconfiado, como se estivesse pensando em pôr a sua barba de molho e responde:
- Seu delegado, confirmar eu não confirmo não, mas tenho notado que nos últimos tempos ela tem andado com um comportamento muito estranho.
- Mas isso não é motivo suficiente para o senhor desconfiar dela – contemporizou o delegado.
Com os olhos rasos d’água, o homem resolve se abrir de uma vez por todas e quase sem conter a emoção ele confessa:
- Doutor, eu não estou desconfiando dela não. As nossas brigas conjugais têm sido por causa de uma indefinição amorosa que tem nos atormentado, ou seja, a pessoa de quem eu gosto ela também gosta e essa pessoa ainda não decidiu se vai ficar comigo ou com ela.