Na vida que tenho,
vivo pela sua presença,
ainda não percebe,
não tive o tempo suficiente
e quando tive, mandaram-me afastar.
Como num livro de contos,
sou a personagem menos comentada,
não fui ao menos um antagonista,
não tenho críticas,
sou uma peça inútil para sua vida.
Numa montanha qualquer,
tento escalar, saquear,
com muita gravidade,
vejo você empurrando-me.
Nos dias das lembranças,
quase sempre, encantado,
vejo seu rosto,
fico feliz com a memória.
Memória que guardo seus olhos,
seu caráter, que admirei,
e sinto ainda,
aprendendo a gostar mais.
Essa mesma memória,
que deixo o silêncio,
não lembrando do seu beijo,
ainda não vi o gosto.
Somente o sonho, pode realizar-me,
tenho capacidade, como também tenho necessidade,
na verdade da sua e do silêncio,
obrigaram-me no início,
agora estou calado pelo respeito. |