O VENDEDOR DE ALGODÃO DOCE
Aquele homem a equilibrar
Nuvens coloridas pela rua
Leva junto sem que saiba
Um cortejo de olhinhos pobres
O sonho de carinhas sujas
Segue a rua, vira a esquina,
E ele nem se apercebe
Que das suas idas e vindas
Morrem sonhos prematuros
Que nem nasceram ainda
Sobe o morro, cai ladeira,
Portando invisível bandeira
Que diz sem nada falar:
“Quem pode, tá aqui tua nuvem,
Quem não pode fique a sonhar”
Por isso me torno criança
Ao vê-lo passar tão ausente
À beira do mesmo caminho:
“Em que nuvem pousaram meus sonhos,
Aonde perdi meu carinho?”
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