MATEMÁTICA,PARA QUE SERVE?
Muitos responderão simplesmente: serve para nos dar cabo da cachola e mais nada; atrasar o fim do curso e a entrega do canudo que nos irá dar hipóteses de emprego, dirão outros. E para ser um executivo, um ministro, um secretário de Estado e depois obter um tacho de administrador, conduzir um grande BM e ter o futuro garantido com opulentas reformas, para que serve o raio da matemática? E para ser um ás de pontapé na bola, um treinador que ensina a metê-la no meio de dois postes, pago como um xeque árabe, para que serve tanta equação? Ou ser uma pessoa famosa a debitar bem como aqueles da Quinta ou do Big Brother, para que servem os logaritmos?
E os milhentos que pensam que para beber uns copos, um scotch do “naice”, andar de boteco em boteco a ver as novidades do mercado, engatar umas chavalas, estonar largo uns guitames, saçaricar numa discoteca, destrocar algum metal, umas “cinquentolas” ou umas “centolas” para que serve tanto cálculo? Quem seria o sádico que inventou semelhante coisa que só serve para complicar a vida à gente? Tás a manjar, ó malandro? Os grandes matemáticos, aqueles que passaram a vida a gatafunhar algarismos e fórmulas no quadro, nunca foram ricos e, muitas vezes, maravam da moina com os fusíveis queimados de tanto matutar! Ricos eram aqueles para quem eles trabalhavam, os que tinham o “suminho dos guitames”, as “gaitas” na carteira e que não sabiam “nestes” de teoremas nem de Pitágoras!
Mas o certo é que, no contexto actual de economia de mercado, em que o dinheiro que tudo compra, é o supra-sumo e o ser rico é a finalidade suprema, a mentalidade, os valores que se incutem na juventude, também têm muita influência no insucesso da matemática e de outras ciências exactas que actualmente não passam duma seca. De nada vale mudar métodos de ensino se as mentalidades e os valores não forem mudados. E isto não poderá ser feito sem mudar também o contexto, ou seja o cenário em que nos inserimos. Mas há algo que se poderia fazer.
Assim, os alunos deveriam ser postos perante os problemas científicos ou do dia a dia que necessitassem dos conhecimentos de Matemática para serem resolvidos, caso contrário, as equações, os conjuntos, os logaritmos, a trignometria, o cálculo diferencial, infinitesimal, tensorial, a geometria de Euclides, de Riermann etc. serão uma grande seca, sem qualquer interesse, para a grande maioria da maralha ou seja os tais 80% que chumbam em matemática no nosso Portugal.
22/07/05
Reinaldo Beça
(reibessa@hotmail.com)
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