Usina de Letras
Usina de Letras
203 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62152 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10448)

Cronicas (22529)

Discursos (3238)

Ensaios - (10339)

Erótico (13567)

Frases (50554)

Humor (20023)

Infantil (5418)

Infanto Juvenil (4750)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140785)

Redação (3301)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6176)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->Vizinha chorona -- 07/08/2012 - 09:46 (AROLDO A MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Vizinha chorona

Aroldo Arão de Medeiros

Os vizinhos ao lado direito de minha casa são um casal por quem tenho muito afeto. Eles têm sido sempre amáveis e gentis com minha família. Com um relacionamento assim tão bom, decidimos construir uma escada para ligar as duas casas.
Num desses arroubos para agradar, meus três filhos, adquiri um cachorro. Era um desses pequenininhos. Para ser mais exato, um cachorrinho de madame. Meus filhos o adoravam e brincavam com ele o dia todo. O batizamos de Biscuit, porque parecia um enfeite de porcelana, tão bonitinho quanto quebrável.
À medida que os meninos cresceram foram enjoando da companhia do melhor amigo do homem. Biscuit passou a ir seguidamente, cada vez com mais frequência, à casa dos vizinhos. Lá, a filha deles mais a mãe, que como todas as mulheres têm mais jeito para lidar com animais dóceis, foram se apegando ao bichinho. E o Biscuit tratava de pular, diariamente, o muro. Com o tempo foi inevitável a mudança de moradia. Ele passou a pertencer aos nossos fronteiriços e não mais a nós.
Certa tarde a vizinha, já quase parenta por afinidade, veio em prantos com Biscuit no colo. Sentou-se numa cadeira e, somente depois de sorver um copo com água e açúcar, foi capaz de dar a explicação para o pranto.
- Meu fofinho, ao ouvir o troar de fogos de artifício, saiu em disparada, assustado, e para seu azar estava na laje. Esborrachou-se no chão.
Minha esposa a consolou. Um pouco mais aliviada, a vizinha voltou aos afazeres domésticos, sem deixar passar cinco minutos entre uma carícia e outra no Biscuit. Durante as duas semanas que o bichinho ficou andando devagarzinho e tortinho, a vizinha fazia de tudo por ele. Até contar historinhas acho que fez. Ainda hoje o Biscuit, já velhinho, continua sendo a alegria da mãe e da filha.
Doutra vez estávamos preparando o almoço quando a vizinha entrou em nosso terreno e, derretida em lágrimas, tentava explicar o motivo que a fazia sofrer tanto.
- Atendi ao telefone e um cara colocou minha filha na linha chorando e berrando dizendo que eles a matariam se não fizessem o que queriam. Fiquei apavorada. Exigiram cem mil reais, que deveriam ser entregues na Leoberto Leal, em frente ao Primeiro de Junho. No meio de meu desespero, a ligação caiu. Então liguei para o trabalho dela. Estava em reunião e só a chamaram porque expliquei direitinho o que acontecera. Quando ouvi a sua voz, parecia que estava no céu. Era trote. Deus é bom demais.
Minha mulher, que já vivera esse caso quando "sequestraram" nosso filho do meio, teve melhores chances de devolver a alegria perdida e só depois as duas voltaram ao cotidiano.
Eu nunca falei para ninguém, nem para minha mulher, e espero que a vizinha nunca saiba, mas, nas duas vezes em que ela chegou chorando, corri para o banheiro e que caí na gargalhada.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Perfil do AutorSeguidores: 16Exibido 217 vezesFale com o autor