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Contos-->Carlão, o doador (a saga de Jack, cap 5) -- 06/09/2001 - 08:23 (Flavio Costa Ribeiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Carlão namorava Ninilda a muitos anos, frequentava a casa dela com o consentimento dos pais, mas nunca haviam chegado as vias de fato. Ninilda era crente, daquelas que só usam saia abaixo do joelho e não cortam o cabelo. Todo Domingo era a mesma coisa, passavam o dia inteiro no culto, apesar de Carlão não ser muito religioso, mas como ele amava muito Ninilda acompanhava-a.

Ninilda sempre foi muito sincera com Carlão, sexo somente depois do casamento. Este não acontecia porque Carlão vivia desempregado, e como não tinha nem casa própria, muito menos tinha condições de alugar uma, o casamento nunca pode ser marcado.

Um dia, Carlão leu no jornal que necessitavam de homens para doar espermatozóides, quem estivesse interessado deveria comparecer e doar seu esperma para testes, se fosse considerado de boa qualidade, poderia fazer parte de uma elite de doadores. Carlão não tinha nada a perder e foi até lá, a sala era até que era legal, tinha uma televisão com filme pornô para estimular, uma cadeira confortável e uma mesinha com um potinho do lado, depois eles davam até lanche.

Passou-se um tempo e Carlão foi escolhido, aliás foi considerado o doador de melhor qualidade, finalmente tinha um emprego garantido e um excelente salário por mês, que variava conforme a produção. Como Ninilda estava louca para casar mas queria uma casa antes, Carlão passou a dar duro no trabalho, sempre com uma produtividade recorde. Durante este tempo, Carlão quando visitava Ninilda falava sobre a casa que estavam construindo, os móveis que comprariam e o carro zero km também, a única coisa que ele não falava mais era sobre sexo, depois de um dia de trabalho como o que ele tinha não queria nem pensar nisto. Ninilda até agradecia em pensamento, pois quando Carlão ficava acariciando-a, morria de tesão, mas por crença religiosa não podia consumar a relação, e afinal, agora o casamento estava perto.

Finalmente a casa pronta, agora faltava mobiliá-la. Ninilda olhava revistas de decorações, queria do bom e do melhor para sua casa. Após alguns meses a casa finalmente estava mobiliada, podiam casar mas Carlão fazia questão de ter seu carro antes. Afinal, quem esperara tanto, mais alguns meses não seria problema, e Carlão dava cada vez mais duro no trabalho, chegando a alguns dias conseguir até seis produções, era sempre o recordista do grupo. Foi então que, após tanto trabalho ele pode comprar seu carro zero km. Ninilda podia marcar a data do casamento, e ela somente pensava na noite de núpcias quando finalmente se tornaria uma mulher.

Fazendo um esclarecimento, Ninilda adorava crianças, e o que mais queria era um bando de “pirralhos”, como ela gostava de dizer, bagunçando toda a casa. Ela até não fazia questão que Carlão comparecesse muito no placar, mas dos filhos ela não abria mão.

A firma em que Carlão trabalhava tinha expandido muito, e como não encontravam bons doadores, o grupo precisava esforçar-se muito para suprir a demanda. Devido ao casamento iminente de Carlão, seu chefe estava preocupado com a quase certa queda na produção dele, então teve a brilhante idéia de aumentar seu salário, desde que sua produção não caísse. Carlão ficou com um sorriso permanente no rosto com o aumento.

Dia do casamento, igreja pronta, a festa seria inesquecível, com direito a filmagem e tudo mais. Normalmente a noiva se atrasa, mas foi Carlão quem se atrasou mais de uma hora, estava trabalhando dissera ele. A cerimônia foi linda, a festa um verdadeiro banquete, Carlão e Ninilda despediram-se de todos para ir para a lua-de-mel, a mãe dela toda emocionada com o dia da filha perder a virgindade. Chegaram os dois pombinhos no Motel, uma suíte de luxo que já havia sido frequentada até por Presidentes, e lá estavam os dois, sozinhos. Ninilda foi tomar um banho e colocar sua lingerie comprada especialmente para a ocasião, chegou toda sorridente na cama e, para sua surpresa, Carlão estava roncando, apesar de todas as suas tentativas foi impossível acordá-lo.

Dia seguinte, Carlão se sentindo culpado, pedindo desculpas para Ninilda, tentando criar um clima, mas Ninilda estava decepcionada com Carlão. Depois do almoço, chegaram na casa dos seus sonhos, construídas por eles, como os dois queriam em todos os detalhes, tinha até piscina. A noite, Ninilda perdoou Carlão e foram tentar novamente sacramentar o casamento.

Eu falei tentar, e foi o que aconteceu, uma tentativa. Carlão broxou, ficou todo envergonhado, pediu mil desculpas, quando falou que aquilo nunca habvia acontecido antes Ninilda ficou uma fera. Como que nunca havia acontecido antes, que antes era aquele, então aquilo era uma confissão que havia tido outras, que durante todo o seu noivado tinha sido traída por Carlão e agora, justamente na noite de núpcias, com a maior cara-de-pau ele falava aquilo, naturalmente, e sem culpa. Ninilda expulsou Carlão do quarto e este teve que dormir na sala, não sem antes passar mais de duas horas batendo na porta, dizendo que só havia dito aquilo porque era uma expressão comum, que nunca houvera outra, mas Ninilda estava inflexível.

Passara o final de semana e o casamento não havia se concretizado, Carlão voltara a trabalhar e chegava todos os dias exauto. Ninilda que queria ter um filho, até perdoara Carlão, mas como haviam contraído muitas dívidas para construir a casa, além de mobilia-la, mais o carro zero km, este não podia nem pensar em parar de trabalhar. Os meses se passaram, Carlão trabalhando duro, e Ninilda lá, que nem a Virgem Maria, intocada. Nesta época, além do excesso de trabalho e da tensão da dívida que nunca baixava em função dos juros extorsivos, Carlão chegava em casa tomava um banho, jantava, via um pouco de televisão e já estava dormindo. Ninilda via o tempo passar, e nada de filho.

Carlão costumava escutar uma voz, sabe-se lá de onde, que dizia para ele dar mais atenção para Ninilda, mas ele argumentava que tinha que pagar o Banco para não perder a casa e o carro, que aquilo era momentâneo, qure Ninilda entendia, que era para o bem dos dois, etc ...

Um belo dia, Carlão passou a notar que Ninilda estava começando a engordar. Passou o tempo a sua barriga passou a tornar-se bastante proeminente, foi então que Carlão passou a desconfiar, Ninilda estava grávida. Começou a procurar nas coisas dela quando achou, o exame médico, com o nome dela e o diagnóstico “gravidez”.

Carlão desesperou-se, foi ao bar encher a cara, como a sua pura e crente Ninilda havia posto um par de cornos nele, pior, não havia sido ele que “estreara” ela. Meia-noite, completamentre bêbado, Carlão comprou um revólver de um vagabundo na rua, entrou em casa, acordou Ninilda, mostrou-lhe o exame médico, disse que jamais pensara que ela poderia ter feito tal coisa com ele, que sempre trabalhou duro para dar de tudo a ela. Sem deixar Ninilda falar, Carlão atirou a queima-roupa matando-a . Quando percebera o que tinha acabado de fazer, apontou a arma contra a própria cabeça suicidando-se.

* * * * * * * * *

Carlão acorda, vê Ninilda a seu lado e um estranho, inicialmente ele pensa que é o homem que o desonrara em vida, mas este se apresenta como Jack, explica que é o anjo designado para levá-los para a prestação de contas com o supremo.

Ninilda sempre calada durante a caminhada, somente falou para responder a pergunta que Carlão já havia feito mais de mil vezes, “quem era o pai da criança?”. Ela explicou a ele que como havia cansado de esperar para ter um filho, comprou o esperma do próprio Carlão e fizera inseminação artificial.

Carlão pediu mil desculpas a Ninilda, e falou que agora eles poderiam concretizar o casamento, foi quando esta falou que eles agora que haviam morrido não eram mais casados, e que ela iria para a cama somente com seu marido. Desesperado, Carlão perguntara a Jack onde eles poderiam casar novamente, ao que este prontamente respondeu que para o lugar aonde eles estavam indo era impossível. Carlão ainda tentou renegociar com Ninilda, mas ela olhou para ele e não foi preciso dizer nada, não mudaria sua posição.



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