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cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (28) -- 14/08/2012 - 15:44 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (28)

Com a morte de GORE VIDAL, o escritor norte-americano, talvez não reste muito do elenco de ácidos críticos do governo estadunidense. Irreverente e dono além do próprio nariz, Mr. Gore ainda teve a ousadia e criatividade de escrever algo como "O evangelho de Gore Vidal" que não se encontra facilmente. Talvez em sebos das cidades.
Além de escritor prolífico foi também roteirista de cinema, escrevendo certa vez um roteiro que se confunde com seu próprio nome, dando-lhe quase a autoria e direção do filme. Trata-se de CALíGULA, uma produção dos anos setenta, pornográfico que só, mas ao menos fiel à pesquisa que ele elaborou, sobretudo em Suetónio e Sêneca, que foram supostamente contemporàneos do pervertido imperador romano, assassino do próprio tio e amante mais do que regular da irmã Drusila.
Parente do quase presidente AL GORE, sua personalidade forte e imponente, dava-lhe o ar de que na vida tudo é natural, incluindo seu suposto bissexualismo. A julgar por uma entrevista, onde declara que passou mais tempo concedendo-as, quando deveria estar fazendo sexo.(sic) Qualquer pessoa de grau médio de informação, dar-lhe-ia razão quando chamava BUSH, o filho, de "o homem mais estúpido da América". Se se levar em conta o ar perplexo e aparvalhado do ex-presidente quando recebeu a notícia dos aviões explodindo nas torres gêmeas, não há porque negar sua assertiva.
Li muitos artigos dele, Mr. VIDAL, mas nunca um livro completo. Gostaria de ter lido "O Império", onde esculhamba à grande a terrinha onde nasceu e com o que a maioria do americano sensato concorda.
Pindorama, terra amada idolatrada salve, salve, deveria manter um crítico semelhante, mas já não dá. Numa dada época, com um acirrado tom aristocrático e certo pedantismo, vaticinava o jornalista Paulo Francis, que, contraditoriamente, esculhambava o Brasil, donde ele denominava corte, em algum espaço de Manhattan.
Atualmente, guardadas proporções, o cotidiano do brasileiro é tão enervante, que as pessoas já nem creem mais se as pendengas causídicas vão desembocar em pizza. A julgar pelo corrente "mensalão", já se sabe que os crimes prescreveram e é muito possível que seus autores, dissimulados tanto quanto a retórica dos advogados, vão continuar à beira das piscinas do lago sul, ou nalgum sítio bucólico de São Paulo ou numa paradisíaca praia do Nordeste.
Num ano eleitoral, apenas observo e eu mesmo já nem me surpreendo mais, quando indago ao candidato a vereador sobre qual é sua plataforma. Outro dia, pelo parvo olhar do interlocutor, bateu-me a impressão de que ele confundira com alguma plataforma da Petrobrás, ou algo assim.
Dos meus dez contemporàneos contatados, nove deles se dizem desencantados com política, eleições e candidaturas. O que nos chama atenção é o alto grau de decibéis com seu sonoro chucro texto melódico. É o mau gosto ao alcance dum eleitor cada vez mais ausente e apenas impelido a usar o domingo eleitoral para votar rapidamente, se liberando e poder voltar para casa mode devorar a nédia galinha com uma cerveja gelada.
No município onde resido, a grande massa nem se dá conta de que o período democrático é transitório tanto quanto qualquer outra data do calendário. De fato, o que o povo quer mesmo é sobreviver, pagar as contas e usufruir dos fins de semana, tão curtos quanto sua paciência de enfrentar o disfarçado cinismo da grande maioria dos candidatos a isso ou aquilo.
Durante os curtos dias de olimpíadas, não foi menor a frieza e distanciamento do brasileiro comum, que, em pequena escala, apenas se interessou por ver nossa selecinha conseguir uma pálida prata que, na próxima olímpiada neste país, o azinhavre já lhe deverá ter tirado o brilho.
Realismo demais? Desesperança? Sei não, leitor. Apenas estamos visualizando fatos. E você queria o que? Que estivéssemos concorrendo com China ou Canadá? Ora, se a verba para Educação não dá sequer para pagar o custeio como se pode querer que se alcance altos níveis num investimento dessa monta?
No mais, seguem-se os dias e noites, e continuamos brasileiros e felizes. No domingo do dia dos pais, além da visita prazerosa dos meus amados filho e filha, honrou-me receber livros de presente, logo três ao todo.
Entre física contemporànea, uma biografia de Vargas e um livro cujo título é questionante, alegra-me saber que preencherei minhas boas horas para degustá-los, ainda que não seja com a acidez e intolerància do crítico norte-americano Gore Vidal, com quem jamais poderia me comparar.
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WALTER DA SILVA
Camaragibe,14/08/2012

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