A hipocrisia da sociedade americana foi representada no filme Beleza Americana. O diretor mostrou o quanto à s aparências são mais importantes que os conflitos internos vividos pelos indivíduos. Mesmo assim, todos vivem de acordo com um padrão estabelecido pela sociedade e se abdicam de ser eles mesmos. Em muitas das vezes deixam a sua felicidade de lado para viver uma aparente beleza. Nos Estados Unidos, um país de primeiro mundo, onde a maioria dos cidadãos têm oportunidade de emprego, acesso à escola até o terceiro grau, seguro de saúde e de desemprego. Aquele tipo de beleza pode ser retratado de forma superficial, pois as suas crises são psicológicas. O cidadão é vítima de si mesmo e de suas decisões e não por culpa do sistema. Ele funciona até demais, daí o patriotismo exacerbado.
Todavia, aqui no Brasil, a nossa realidade é bem outra. Os graves problemas sociais modificam todo o quadro do indivíduo em vários aspectos. A questão aqui é de sobrevivência, pois vivemos no país dos extremos. Os contrastes económicos, sociais, culturais e humanos são discrepantes. Neste país uma minoria tem muito, enquanto a grande maioria não possui nada. Neste país do jeitinho, vale mais quem é esperto e sabe usar da esperteza. Vale o colarinho e a cara limpa. Esta facilidade que o brasileiro tem para se virar, faz com que até a sua sobrevivência seja algo belo. Estamos habituados a conviver com a fome, a miséria, a violência, a corrupção e toda a sorte de injustiças. Neste país tudo falta, ou seja, faltam investimentos na educação, saúde, segurança pública, habitação, bem estar social, emprego, salário e renda. Somos levados ao caos social e urbano. Somos levados a sobreviver da solidariedade alheia.
Brasil! Sua beleza deveria estar no seu povo, mas infelizmente está nas suas carências. Brasil terra de ninguém onde todos querem o seu quinhão. Terra colonizada pelos exploradores portugueses que levaram suas riquezas. E, agora a globalização quer levar toda a sua beleza.
Ao contrário do filme Beleza Americana. A Beleza Brasileira retrata o Brasil real, sem querer esconder a decadência. A pobreza das favelas, a ineficiência das escolas públicas, o caos do transporte público e privado, e o transporte alternativo e seu cartel, a falta de justiça, a podridão da política, a popularização da música descontextualizada, todos os tipos de violência, a falta de alimentos e terra para quem quer produzir.
As favelas são construídas perto de bairros situados em áreas nobres ou nos viadutos em pleno centro das cidades. Muitas delas estão na zona sul, mas o que desperta é a diferença entre um lado e o outro. Luxo e miséria fronte a fronte e em harmonia; tudo isto é a nossa beleza, pura fantasia. Dali o que se poderia esperar? Pessoas revoltadas e sem oportunidade no mercado de trabalho, sem acesso a educação, convivendo com a violência, a droga e uma má alimentação. Muitas das crianças que vão à escola é para aproveitar a merenda, pois não tem o que comer em casa. Outras acabam indo para as ruas e se tornam marginais, enquanto outros desprivilegiados da sorte se prostituem por um prato de comida ou míseros tostões. É, se vedem por qualquer trocado e acabam-se tornando perigosos para a sociedade. A justiça está longe de acontecer, as prisões encontram-se lotadas e a cada dia surgem mais criminosos. Estas cadeias viraram escolas para o crime, pois ladrão de galinha divide espaço com assassinos. Falta investimento para recuperar o cidadão para o devolver para a mesma sociedade hipócrita que lá o colocou. Não vamos nem falar da política que está na maior desordem. O político só procura se beneficiar com o dinheiro público que só serve para ser desviado, enquanto o cidadão espera o retorno dos seus impostos.
THA©KYN
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