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Cronicas-->CRÓNICA DE UMA CASA ASSALTADA -- 18/08/2012 - 22:06 (José Kalil Salles) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quinta-feira à tarde, sol a pino irradiando morno calor nesta metade do outono sobre Barbacena. A rua, de pequena extensão, embora localizada no centro da cidade é absolutamente residencial. As casas comerciais de bens ou de serviços, as instituições financeiras e outros estabelecimentos de semelhantes características estão alocados no hipercentro da cidade. Portanto, a rua em questão é de uma tranquilidade virginiana. Somente de manhã bem cedo, na hora do almoço, no retorno ao trabalho para o segundo expediente e naquele momento entre o por do sol e a chegada da noite, transeuntes circulam pela rua. Nos demais horários a rua está quase sempre deserta.
Nesta rua, em uma casa modesta, porém extremamente bem cuidada, pintada de azul celeste, mora uma mulher sozinha, já aposentada, portanto, já na casa da terceira idade. Muito querida por seus vizinhos e amigos que a chamam de Dona Mirinha. Nos espaços mais antigos de qualquer cidade a construção das casas era feita junto aos passeios e assim as portas de entradas estão sempre na parte interior dos meio-fios.
Foi assim que nesta quinta-feira outonal de tépido sol, dois homens aparentando idade entre vinte e cinco e trinta e cinco anos, por volta das dezesseis horas, bateram na porta da casa de Dona Mirinha. Ao abrir a porta um deles com um revolver em punho e outro, com grande faca, anunciaram o assalto, recomendando que qualquer alteração dela seria motivo para matá-la. Adentraram a casa e um deles sempre com a arma apontada em direção à sua cabeça falava carrancudamente para que ela não reagisse, enquanto o que portava a faca tirou do bolso uma grossa fita adesiva, colocando grosseiramente na boca da infeliz senhora. Aos empurrões encaminharam-na para o banheiro onde a trancaram e, à vontade, revistaram toda a casa. Levaram computador, um relógio de estimação, herança do pai, e outros objetos. Com muito custo Dona Mirinha conseguiu tirar o adesivo da boca e saiu do banheiro esgota, cansada, humilhada e ainda tremendo de medo procurou ver o que os bandidos levaram de sua casa. Na bolsa levada estavam documentos, cheques, cartão de banco e outros pertences pessoais. Ajeitou-se de qualquer maneira e saiu às pressas em direção ao banco para bloqueamento de sua modesta conta bancária. Mas o estabelecimento já estava fechado.
No dia seguinte, depois de uma noite mal dormida, desde cedo na fila do banco, às dez horas conseguiu entrar e foi ao gabinete do gerente que ainda não chegara. Esperou longo tempo e quando o gerente chegou disse para ela que só poderia bloquear sua conta mediante a apresentação de um Boletim de Ocorrência policial. Coitada, saiu angustiada do banco e foi à Delegacia de Polícia, onde informaram-na que não poderiam fornecer o documento porque o setor policial estava em greve. Apavorada, já por volta de quinze horas, sem almoço, estava de novo no estabelecimento bancário. O gerente foi categórico, só bloquearia a conta mediante o Boletim de Ocorrência. Palavra da burocracia. O bandido pode sacar, mas o ofendido não. Coisas do nosso país. Depois de muito chorar com o gerente ele concordou em garantir-lhe a conta até o dia seguinte, quando então voltou à delegacia de polícia e implorou a feitura do Boletim de Ocorrência, sempre com muito cuidado ao falar, pois falar mal de bandidos hoje não é politicamente correto e direitos humanos só os marginais os têm. O servidor da segurança que lá estava, penalizado, fez o Boletim de Ocorrência. Com isto, de novo ao banco, ela conseguiu garantir o seu minguado saldo financeiro. Após isto começou nova peregrinação para tirar nova identidade, novo título eleitoral e outros documentos.
Não é necessário dizer que os assaltantes não foram presos.
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