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cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (32) -- 24/09/2012 - 07:34 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (32)

Respeito não é bem o caso. Porque é um sentimento de atenção ao outro e pressupõe-se que seu praticante o tenha a si mesmo. A quatorze dias do pleito municipal, eu particularmente não tenho vivenciado quase nenhum entusiasmo coletivo ou singular. Exceto por aqueles que vêm a nós, em lugares públicos, com seu entourage, munidos de santinhos e folders coloridos. Ontem, num lugar público, presenciei a chegada de um suposto esclarecido candidato a vereador, que, ao ouvir novamente a pergunta de praxe: "qual é sua plataforma?", apontou para a própria cabeça, respondendo: "está tudo aqui". Curioso é que, em nenhum momento ele se me arredou da dúvida sistemática, conversando sobre muita coisa, incluindo vaquejada, sem tocar em nenhum minuto à parte, no cardápio político. (Se não me falha a memória, ele é a mesma pessoa que certo dia me falara de seu caráter apolítico).
Novamente não me (nos) é esclarecido o que o respeitável quase parlamentar mantém como carro-chefe da campanha ou ao menos algumas linhas esparsas como carta de intenção a uma futura ação municipalista. Nesse município progressista de Camaragibe, tenho à frente dos meus olhos, os currículos dos candidatos, 233 ao todo, em cuja última linha se estampa o termo "deferido". Isso significa que o candidato foi aprovado pelo tribunal eleitoral e seu nome aceito no movimento sufragista. Se não dá para chorar, tampouco se nos distancia de alguma figura de paródia a julgar pelos folclóricos apelidos que, bizarros ao extremo, impedem-me de mencioná-los. Evidente que alguns poucos desses corajosos, destemidos ou delirantes cidadãos, trazem consigo certa noção do que seja política pública, gerência do poder ou conteúdo vital de uma lei orgànica municipal. Em sua totalidade, todavia, são inspirados apenas por certa curiosidade política, considerando que pouquíssimos desses, têm ou tiveram um contato estreito com a comunidade onde se inserem ou tenham sido um de seus próceres.
Convém notar que a média de escolaridade dos candidatos e candidatas é a conclusão do ensino fundamental; ressalte-se que alguns deles possuem o segundo ciclo médio de educação. O candidato que venho apoiando desde alguns anos, faz sua segunda tentativa, posto que infelizmente lhe faltassem alguns mísero-vitais 23 votos desde a última jornada. Sem maiores paixões, alimento uma forte esperança de que dessa vez ele será eleito, ora pela sua coerência política, ora por seu trabalho junto à comunidade e por ser possuidor de um bom nível de informação ad referendum. Ele possui o nível universitário incompleto. Também faço o mesmo em relação ao candidato a prefeito, por quem me ter comprometido desde algum tempo e por conhecer sua experiência anterior. É portador de diploma universitário e já participou de mandato precedente. Na listagem de valorosos candidatos, há de tudo: comerciantes, funcionários públicos, autónomos, desempregados, vereadores tentando a reeleição e uns poucos que não são sequer nativos ou residentes no município. Todos sabem que a instància eleitoral é apenas um detalhe - ainda que importante - da sobrevivência do estado de direito e da democracia representativa. Não fosse a obrigatoriedade do voto e teríamos atingido a plenitude democrática, exemplo de um regime que, se não é o melhor, não conhecemos outro que dele se aproxime ou que o possa substituir.
Durante esses últimos dois meses venho acompanhando a reprise da maçante leitura dos votos no STF. Para um não advogado, talvez importe apenas os finalmente, ainda que não lhe faça mal ou contraindique, a leitura completa dos autos, considerando a voz grave do autor do voto. E para não me reclamarem a falta ou excesso de respeito, citado no primeiro parágrafo, aduzo que numa dessas sessões da suprema corte, ouvi do próprio relator durante um momento de tensão entre ele e o revisor da ação penal 270:
"Cada país tem a justiça que merece". Inclua-se aí, por oportuno, a justiça eleitoral.
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WALTER DA SILVA
Camaragibe-PE (23.09.2012)
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