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Cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (34) -- 16/10/2012 - 16:30 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (34)

Os peixes possuem um órgão sensorial para detectar movimentos ao seu redor na água, denominado "linha lateral". Isso evita que esbarrem uns nos outros, como acontece com os humanos. Muitas vezes, atentos ou não, nós paramos diante dum transeunte, vindo em sentido contrário, não raramente titubeando quanto a que lado tomar. Às vezes torna-se até um tanto hilário. Não seria estranho utilizar tal analogia com o movimento de motociclistas nas ruas, arranhando os carros, quando não machucando a si mesmos e a pedestres, indiscriminadamente.

De fato não se sabe ao certo como se sair do dilema: produzir menos veículo gerando menos renda e emprego ou produzir mais com facilidades na redução de impostos e infestar as ruas e estradas, provocando acidentes que desembocarão na inviabilidade da receita no atendimento das despesas. As mortes por acidentes com motociclistas têm aumentado exponencialmente e até agora não se sabe quais medidas tomar para reduzir esse quadro, pois que erradicá-lo seria impossível, ao menos a curto e médio prazo.
Todo o progresso tem as consequências que supõe merecer. Mais tecnologia, mais riscos ao homem e ao meio-ambiente. Esse é o preço que se paga. Mas por trás desse pano reside a educação correspondente e o manual de como se deve usar a parafernália tecnológica. Contraditoriamente, manuais são avessos ao usuário brasileiro e seu lugar apropriado é no fundo da gaveta ou na lata de lixo. Exemplo notório é a utilização dos cartões bancários. Uma grande massa de gente ainda não conseguiu aprender a utilizá-los, por preguiça mental ou simplesmente por ignorància. Daí as agências manterem de plantão, alguém que possa orientar os desavisados sobre como devem utilizar a senha, isso se ela for lembrada de pronto. E olha que faz anos que se implantou a cibernética bancária no país.

Ocorre que o Governo, que pese investir pesado em publicidade, não preparou a gente menos educada a ingressar na era da microtecnologia e a manipular seus complexos e minúsculos derivados. A julgar pelo número crescente de aparelhos de telefonia móvel, são poucas as pessoas que sabem utilizar todo seu menu e aplicativos, isso sem contar com os que não sabem responder mensagens ou sequer enviá-las, porque aí vai escavacar no que temos de mais carente: nossa ignorància no manuseio gramatical. Em 1971, quando morei nos Estados Unidos, recebi certo dia um convite para comparecer à agência onde mantinha conta bancária. Era assinado por um gerente de operação e explicitava qual seria o motivo de meu comparecimento: participar do teste público da fila única. Isso mesmo. Eu estaria testando o funcionamento da inauguração da chamada fila única, o que não existia ainda no terreiro de Tio Sam. Foi uma experiência bastante elucidativa e eu, tupiniquim estudante, me saí a contento, ao menos pelo texto da carta que recebi logo após ter passado pelo teste. É que o americano médio, individualista ao extremo, reclama sempre que sua cidadania está indo pro beleléu, denunciando produto fajuto ou pequenas falhas no atendimento de serviços prestados.
Ainda que não possuamos esse pequeno dispositivo, privilégio da espécie que nos fornece ómega 3 e que está acostumada a morrer pela boca, deveríamos ser mais atentos e solidários e aprender cotidianamente a andar nas vias públicas, de modo a evitar desconfortos pessoais e pequenos acidentes.

Afinal de contas, somos homo sapiens sapiens uma categoria metida a besta, que, em muitas circunstàncias, perde feio para seres aparentemente inferiores. Quanto mais me espanto com o que venho lendo e aprendendo, mais me questiono sobre o que será da agenda do ser humano nesses próximos cinquenta anos. Recentemente, durante o primeiro turno das eleições municipais, sem levar em conta o folclórico apelo dos candidatos a vereadores, fiz questão de vasculhar no sáite do TRE, os currículos, as não-propostas e a culminància eleitoral, plasmada no day-after: houve candidato(a) que obteve zero voto, isto é, sequer conseguiu votar em si mesmo(a).
Tudo isso é suficiente pra me convencer de que o mundo animal de um vertebrado aquático é bem mais aprazível e inteligente em sua natureza, do que o habitat dos humanos, incapazes de transitar sem esbarrar nos limites de sua efêmera convivência.

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WALTER DA SILVA
Nova Lima-MG, 15.10.2012


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