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Cronicas-->Sobre o vazio ou outro título -- 02/11/2012 - 16:00 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Sobre o vazio ou outro título

 

Há um vazio dentro do homem. O que significa isso? Se há um vazio, nada há e a oração anterior não tem sentido. Ainda assim, está escrita. É uma espécie de signo que, com seu sentido no sem sentido, está no lugar do vazio do homem. Assim fica bem. O homem vive com esse vazio e conclui que todo homem é feito disto mesmo: de espaço vazio entre os átomos. Espaço pouco usado pelos inquietos elétrons que circulam ou vibram ou ficam parados em volta do núcleo atômico.  O homem é todo um vazio que se sustenta sobre os ossos, eles também ocos, por alguma intervenção divina.

            Lá está o homem que agora caminha com seu nada que é tudo. É, ao menos, tudo que lhe resta, como a mim só resta escrever textos sem nexo sobre seres que não existem além dos limites das margens vazias da página. Deixemos que esse ser de papel caminhe mesmo. Deve fazer bem para a saúde dele também. Se personagens têm alguma vida, ainda que vazia, deve ser saudável caminhar. Antes de fazer a autocrítica, que já se aproxima, adianto, porque posso, que o homem em questão caminha para o seu fim, uma espécie de crônica de uma morte anunciada. Ainda que este texto não seja uma crônica, considerando que deve haver alguém no mundo que saiba o que a crônica deve ser.

            Ele caminha por lá ou cá eu aproveito para reduzir um pouco a sua frustração por encontrar escrito tão sem sentido no espaço respeitável desta página. Acontece que todo enunciador, cedo ou tarde, precisa escrever coisas assim. São como uma forma de terapia de enunciadores. Se eu fosse você, experimentaria. É uma sensação muito reconfortante escrever sem regras ou exigências. Ainda bem que eu posso fazer isso. Posso, pois me deixam. Não! Apenas ainda não me impedem. Talvez um dia o façam.     Para adiar essa censura é que parei a caminhada do homem, só para tentar, como afirmava antes, reduzir sua frustração. Sei que é estranho, num domingo cedinho, perder seu tempo lendo algo assim, pouco ortodoxo. Liga pra isso não! Aqui mesmo na página ao lado há muitos outros textos com coesão e coerência perfeitas que lhe devolverão o sorriso, ao menos um esboço de sorriso. Estas linhas aqui são o contrário disso. São feitas de palavras que estão juntas por acaso, com muito espaço vazio entre elas. São como alfinetes esquecidos no terno do texto, prontos a furar a carne de seu peito.  Porque eu posso.  

            Depois de furar o seu sossego, com esse arremedo de modernidade, sou obrigado a retornar ao homem que já caminhou muitas letras e está próximo de sua morte. Homem vazio, num texto vazio, só pode ter o fim vazio e sem pompa de um protagonista sem missão de herói, que antes mesmo de poder perder a luta, morre quando chega ao fim do texto. Mal acabarei de escrever esta linha e o homem e seu vazio morrerão, pois, de fato, nunca existiram. É o fim sem intervenção divina. Porque, deus!, eu ainda posso!

 

Jefferson Cassiano é professor e publicitário. Ocupa a cadeira 31 da Academia Ribeirãopretana de Letras

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