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Cronicas-->Som Risal -- 02/11/2012 - 16:11 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Som Risal 

 

Clip 1: Eric Clapton não tem mais pescoço. Está tão gordo no vídeo que parece a lagarta do filme “As sete faces do Doutor Lao”. Dizem, sobre pessoas assim, que levam vantagem em regimes de exceção: como não têm pescoço, não podem morrer guilhotinadas nem podem ser enforcadas. Sobra sempre, porém, uma bala, que nem precisa ser de prata, para matar quem quer que seja. O xerife, o policial e até o Eric Clapton e sua guitarra cor de azulejo de banheiro.

Clip 2: A televisão segue girando seus vídeos de música que, hoje em dia, são trechos picotados de qualquer show revival de bandas que fizeram sucesso quando eu era criança. Deep Purple entrou agora no ar. Carecas, grisalhos e barrigudos cantam e tocam, tons abaixo do original, os sucessos de um passado que nunca deixaram que passasse de fato. Tudo em alta definição. Imagem e som. É o tempo em que tudo está definido. Definitivamente definido. Ad aeternum.

Clip 3: O intevalo comercial interrompe o desfiles de zumbis pelo meu quarto. Anunciantes disputam o posto principal de melhormairomaispotentedomundotodo em minha mente. Querem me vender um jeito de viver bem bonitinho, mas desconfio que dentro desses pacotes habite um monte de nada. Que embrulho lindo! No fundo da caixa, há de fato o vazio que o mais, mais, mais produz: o excesso que me embrulha o estômago, mas é proibido vomitar durante as propagandas, por favor! Em caso de enjoo, faça uso dos saquinhos com o logotipo de nosso patrocinador: Sonrisal. Som risal. So risal. Só risal. Só riso, ual! Mantenha a linha, menino. Coisa feia essa escatologia poética em pleno reclame de carro importado. Tome sua linha... de produção.

Clip 4: Os clips retornam. Ao menos parece que voltam. Tudo tem cara de comercial. A menina bonitinha de bermuda e salto alto projeta a voz  e diz que beijou uma amiga na boca, só para ver como era. E gostou! Eric Clapton, se pudesse invadir esse palco lésbico, sorriria lagarto grande. Sorrisal!

Clip 5: Tudo definido: este é o novo, mas parece muito com aquele que era onumber  one ontem. É novo novamente, novo de novo. Tome tento, fique atento, não perca tempo. A Lady Gaga desaba numa espiral à vertigo, penhasco abaixo. Lady Gaga! É a definição! É isso que vivemos: um mundo dada de Lady Gaga. A subversão subvertida em produto de consumo. Dadaísmo prêt-à-porter. Precisamos de você, Gaga, para nos mostrar aonde chegamos!

Clip final: O próximo clip é da Madonna: crente de que faz algo sério, real, palpável, definido. A Madonna tinha uma fantasia: achava que era diva. A Madonna deitou-se no divã. A Madonna definiu-se: dentro dela havia uma Lady Gaga. Ela não suportou, nem Jesus deu jeito! Havia uma Ldy Gaga dentro do pacote colorido! Há sempre uma bala para quem quer que esteja vivo. Para o xerife, para o policial, para o Clapton, para a Madonna. I shot the Madonna! Só não mato Lady Gaga: a definição de tudo. Madonna, novos fora: Gaga.

Jefferson Cassiano é professor e publicitário. Ocupa a cadeira 31 da Academia Ribeirãopretana de Letras

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